Uma autêntica mestre de cerimónias (mas não se acanhem pois
há espaço para todos), Apple abre o salão com Every Single Night. E que canção
mais apropriada. Esta é a pista que irá dar rumo a tudo o resto. "Every single night's a fight with my brain" pois é
assim que tanto nós como Apple nos sentimos com todas as músicas ao longo do
albúm: uma constante luta contra si mesma mas sempre rodeada por outros. O
ritmo é mais inconstante assim como o timbre da voz que sobe e desce como bem
lhe apetece. Esta parece ser a regra pela qual Fiona se rege e nós gostamos
muito dela assim. Mesmo que não se considere como tal, ela é um bastião e uma
força para a mulher enquanto ser independente, descontrolado mas sensível e
inteligente.
É irresistivel a identificação com qualquer jovem porque a sua
frontalidade e sinceridade nas palavras que usa não deixa enganar ninguém. É
com Valentine ou Jonathan que deixa cair algum romantismo e desejo enquanto
ao mesmo tempo repele, e este é um dos segredos das músicas de Apple (apesar do
grande tesouro escondido no CD ser sem dúvida Left Alone pois é aqui que
culmina toda as as suas capacidades e um amadurecimento e conjunto de todo o seu
repertório ao longo dos anos).
Enquanto que nos presenteava com álbuns mais
fechados em si mesmo, existe agora uma certa abertura com “The Idler Wheel…”
para novos sons e novas perspectivas acerca dos mesmos assuntos. Fiona fala daquilo
que conhece: para quê mentir ou inventar? É graças à sua versatilidade dentro
do género que apresenta e traz novidade. Temperamental, visceral mas sempre
presa às suas ideias e concepções que mais vale deitar cá para fora do que
ficarem a apodrecer lentamente na sua cabeça, diríamos nós. Disto temos a
certeza: contra a cantora não há fortaleza ou esconderijo que saia impune e
isto e de vez em quando faz-nos falta.
texto por Bárbara Sanchez
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