SUGESTÃO: ALT-J, ou a insustentável leveza de se ser uma banda indie que ainda faz alguma coisa de jeito em 2012

Confesso-me verdadeiramente desiludido com este 2012 que passa em termos musicais. Não que não tenha sido um ano profícuo, mas tem sido difícil encontrar aquele álbum vibrante que deixa um gajo de ouvidos colados do princípio ao fim. Até ver, os Alt-J foram a única banda que me proporcionou semelhante experiência com tamanha intensidade. O nome não me era estranho (talvez por terem sido mencionados naquelas listas de bandas a conferir da NME a quem ninguém liga nenhuma), mas tal como outra boa dezena de pessoas só os descobri à séria depois da confirmação no Milhões de Festa 2012. Mais uns para chorar por não ir ver, provavelmente.
An Awesome Wave, lançado em finais de maio, acabou por se revelar uma surpresa no mínimo refrescante. Dotado de temas que o tornam algo difícil de categorizar num todo (apesar de alt-pop ser o termo mais utilizado por aí), o álbum é composto por 13 temas que conjugam uma variedade de sons que exploram caminhos entre guitarras, baterias e sintetizadores sem que estes alguma vez lutem por se sobrepor uns aos outros.
O álbum abre com Intro, onde a guitarra acústica vai dando lugar à mistura de riffs em reverberação com uma bateria desafiadora e sintetizadores airy. É difícil caracterizar isto, soa fresco e entusiasmante. Em dois minutos tudo acaba para dar lugar a (Interlude 1), uma genial demonstração a capella do quão interessantes e versáteis conseguem ser estes senhores.
A vontade de repetir tudo do início só a partir destes dois temas é muita mas há que resistir. A partir daqui começa a viagem à séria e desfilam temas tão diferentes como (é ingrato estar a destacar, são todas tão boas) Tessellate (aqui a comparação com TV On The Radio é inevitável), o single Breezeblocks - e que single! - a inrainbowsiana Dissolve Me e a belíssima Matilda (inspirada por Leon, o profissional), que adocica a experiência auditiva. É precisamente essa variedade que parece haver na forma como a banda manipula as suas "armas" e "intenções" a cada canção que passa que torna este um disco tão interessante.
An Awesome Wave é uma das escutas obrigatórias de um 2012 que teima em dar frutos tão bons quanto este. Ainda que dotado de uma sonoridade rica, nada neste CD soa complicado, forçado ou estendido para além do tempo, razão pela qual até se chega ao fim sem se dar por isso. Resta o replay tantas vezes quanto os ouvidos deixarem. 
Ouçam o álbum aqui em baixo.

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