Há quem se espante com a nova selecção da banda e essa é
realmente a primeira impressão. Para quem se encontra apenas familiarizado com Liars, Drum’s Not Dead e Sisterworld ou seja, para o fã habitual, o novo WIXIW pode parecer uma mudança radical. Mas a verdade é que os Liars já nos andavam a
avisar, nós é que não quisemos ouvir. Há muitas pistas e sinais espalhados em
cada CD, um pequeno universo povoado pelas mentes dos três membros com muitas
dúvidas e questões que bebem da solidão, da filosofia e da fé (para além de uma
das suas maiores influências ser Radiohead). Vozes distantes e cabelos
despenteados é um imaginário que deixa de ser sequer pertinente com His and
Mine Sensations ou Nº1 Against the Truth. No entanto os Liars não deixam de
ser os mesmos.
O álbum é pintado de cores mais neutras e parece que vemos
mais a luz do dia mas a noite não deixa de estar presente e pois bem sem ela os
Liars não sobreviveriam. Atraem-nos inevitavelmente para um certa simbologia
que não conseguimos bem compreender mas que sabemos que ela existe e com a qual
associamos algo muito único e pessoal, diria até. Os sons já não vêm da terra mas
do ar, a textura já não é líquida mas sim gasosa. A bateria e a influência do
som rasgado dos sintetizadores não deixam o ritmo já criado ao longo dos anos
pela banda e a verdade é que músicas como Octagon e Ill Valley Prodigies nos relembram dos momentos que passámos a ouvir Plaster Casts of Everything ou Broken Witch. Este CD prova-nos a capacidade estrondosa da banda que sabe
mais do que nós pensamos e quer queiramos quer não, vais estar sempre um passo
à frente.
A verdade é que os Liars preferem ir por um caminho bem
diferente e por isso colhem os frutos do seu trabalho ser considerado como
“underrated” mas não é que se importem muito. Eles não têm medo de escrever
músicas mais pessoais ou falarem de algo assustador, de evocar imagens de
homens a entrarem em buracos, de utilizar cores sem graça e de soar diferente.
Acima de tudo, não têm medo de mentir para alcançar algo verdadeiro - os Liars
estão a mudar e nós também.
Texto escrito por: Bárbara Sanchez
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