Nos dias de hoje, não há muita coisa
que possamos dizer que esteja a crescer para os lados da Grécia para além de:
juros, contestações e nuvens de gás lacrimogénio, mas, se procurarmos bem,
encontramos outra coisa, a música saborosa. Depois de muito vasculhar,
encontrei os cipriotas Antonis Antoniou e Lefteris Moumtzis que, juntamente com
o Anglo-Chileno Colin Somervell, formam os Trio Tekke.
E agora perguntam-me vocês: “Mas
que raio é que a Grécia têm a ver com um anglo-chileno e um par de cipriotas?!”
E eu respondo-vos: “É Rembetika pessoal!” Ou melhor, Neo-Rembetika. “Rebenta
quê?!”. Música tradicional grega!
Este estilo de música de nome
difícil, chega-nos de pai e mãe incógnito (professores com monóculos afirmam
que a origem mais provável esteja nas antigas cidades da ásia menor), muito por
causa do género de pessoas que a fizeram nascer. Com os inúmeros conflitos e
confusões que envolveram os Helénicos e os seus vizinhos, o país viu-se sempre
com mãos-cheias de emigrantes e exilados que vinham de vários sítios diferentes
e, como eram muito pouco instruídos, nunca iam muito à bola com os géneros de
música mais erudita, como tal, “montaram-se no cavalo”. É verdade, estas
franjas da sociedade da altura, reuniam-se em tekkes (daí o nome do trio), ou, por outras palavras, em salas de
chuto, onde partilhavam os seus dissabores ao som de bandolins e de vozes
reconfortantes.
Durante muito tempo este tipo de
música foi proibido, e foi perdendo gás, mas com o passar dos anos e com o
mudar das mentalidades, voltou a espreitar e a mostrar-se de novo. É aqui que
entram os Trio Tekke.
Criados em 2005, os Tekke, ainda só
em formato de duo (Lefteris e Antonis), estudaram este género de música e
procuraram torná-lo mais “Século XXI”. Foram inovando aos poucos, mas foi com o
novo membro, Colin Somervell, que ganharam mais contemporaneidade, muito graças
à introdução de um titânico contrabaixo. A partir daí, foram conjugando os seus
estilos musicais favoritos como reggae e jazz com o da tradicional Rembetika,
produzindo um stock considerável de malhas muito, muito fixes.
Lançaram o primeiro disco em Setembro
de 2009, intitulado Ta Reggetika,
que, apesar de ter letras completamente indecifráveis para quem não fale grego,
vê-se cheio de significado nos instrumentais emotivos, onde as cordas reinam. O
segundo álbum, Samas, ainda a cheirar
a novo (saiu em 2011), tem sido recebido com excelentes críticas, recebido
vários prémios, de tal maneira que já afirmam que será os mentos na coca-cola
dos Trio Tekke, levando-os mais além.
Texto escrito por: Diogo Lopes
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