SEMANA SEM FRONTEIRAS: Manu Chao, o rei clandestino da world music. (por Miguel Caldas)

José-Manuel ''Manu'' Chao é o meu protótipo do grande artista. Longe vão os tempos de Me Gustas Tu, em que o cantor caminhava mundo fora, tendo apenas a guitarra como parceira. Da sua passagem aventureira pela América Latina aos dias de hoje, são vários os aspectos que se alteraram mas também vários os que se mantiveram, independentemente do seu sucesso pessoal, conotando-o com a coerência que, na verdade, sempre o marcou, essencialmente nas suas letras, de denúncia pela desigualdade e injustiça em vários cantos do mundo. De facto, as raízes galegas, francesas e africanas, em conjunto com a experiência na américa latina, proporcionaram ao gaulês a aquisição de muitas componentes que fazem dele, um cantor do Mundo, para o Mundo e pelo Mundo, ou não cantasse ele em três línguas diferentes; castelhano, francês e inglês. Manu Chao significa uma nova maneira de olhar o nosso Mundo, significa a denúncia pelo sofrimento, significa a união entre os povos.
Volvidos 17 anos desde a separação com a banda Mano Negra, o cantor francês está para as curvas, rejuvenescido e imparável, com a preciosa ajuda dos Radio Bemba, banda que acrescentou inquestionável qualidade à obra do cantor, sendo hoje um dos pilares em que Manu se apoia nos seus energéticos concertos, o principal cartão de visita do cantor. Acompanhado especialmente pelo talento de Madjid Fahem na guitarra, Manu Chao impõe dois ritmos distintos em concerto. O primeiro empolga qualquer espectador, com uma alteração do ritmo natural das músicas para um outro frenético, sem igual, convidando o público a uma participação de grande energia, inclusive de profundo desgaste físico. O segundo revela as suas profundas raízes latinas, com um envolvimento na Rumba Espanhola e numa outra alteração do ritmo natural das canções originais, desta vez para um formato mais acústico, de sonho! Uma mistura de grande qualidade e de grande duração (no mínimo duas horas de concerto), que certamente nem estreantes nem experientes esquecerão. Músicas como La Primavera, El Viento, Pinocchio, Clandestino e Desaparecido são intocáveis no reportório do francês.
Podendo optar por qualquer uma destas vertentes (música, mensagem ou adrenalina), é na diversidade que o cantor se tornou um ícone do nosso Mundo. Eu opto pelas três! Música, mensagem e adrenalina, por isso elejo-o como o meu protótipo do grande artista. Se dúvidas existirem, tirem-nas dia 22 de Julho em Cascais!
Texto escrito por: Miguel Caldas

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