A MINHA BANDA FAVORITA: NOFX! Ah, espera não! Afinal é Pink Floyd. (por João André)

Quando me perguntaram se queria marcar presença nesta semana muito especial do Edição Limitada, ao escrever sobre a minha banda favorita, os primeiros nomes que me vieram imediatamente à cabeça foram Pink Floyd, Jimi Hendrix e Led Zeppelin. No entanto, os momentos de decisão que antecederam a minha escolha final pouco tiveram que ver com estas bandas, uma vez que serviram apenas para analisar um pouco do meu “percurso musical” até ter chegado onde me encontro neste momento.
Há cerca de cinco anos, era um puto que só ouvia Punk Rock e Hardcore e rejeitava ouvir qualquer outro género que fugisse à agressividade do movimento Punk. Durante esse período tive a oportunidade de assistir a cerca de 5 ou 6 concertos de Tara Perdida, de Offspring e até dos NOFX, estes últimos, que foram durante largos anos a minha banda favorita, aquela que eu julgava que fosse preservar esse “título” para todo o sempre. Olhando em retrospectiva, fico com um misto de emoções que vão desde a nostalgia de uma boa adolescência na companhia daquela música agressiva e contagiante à incredulidade de ter passado tantos anos com uma mentalidade tão fechada. O que contribuiu para a mudança de gostos? Posso afirmar com toda a certeza que os Metallica foram os grandes responsáveis por me terem feito alargar horizontes e prestar mais atenção aos pormenores mais técnicos que antes me passavam ao lado (ou que eu preferia ignorar). O Master Of Puppets foi então o ponto de viragem para eu partir para outra viagem… uma bela viagem que me iria levar a descobrir o que de melhor já feito até hoje, em termos da música Rock. Bem, mas deixemos o passado para trás e centremo-nos no tema central deste texto. Os Pink Floyd…
Os Pink Floyd nunca foram uma banda “normal”. Formados em 1965, por três amigos estudantes de arquitectura, Roger Waters, Nick Mason e Richard Wright, os Pink Floyd só se conseguiram afirmar aquando da chegada de Syd Barrett. Syd foi porventura um dos maiores enigmas da história do Rock. Transmitindo a sua criatividade para a sua guitarra eléctrica, o quarto elemento da banda fez com que esta embarcasse numa aventura de explorações sónicas, criando longas faixas de puro improviso de toda a banda. Isto fez com que a banda conseguisse emergir numa época em que o Pop Britânico reinava e eram aos milhares aqueles que se mostravam na cena underground londrina. Apesar de tudo, não foi fácil para Syd e o resto da banda conseguir um contracto com uma editora, já que lhes era constantemente proposto que criassem singles de 2 ou 3 minutos, simples e directos, o que não agradava a nenhum membro da banda já que não ia de acordo com aquilo que era a sua sonoridade e aquilo que passou a ser uma imagem de marca destes Fab 4. Até que em 1967, foi apresentado o tema Arnold Layne à EMI (o “selo” dos Beatles) que prontamente contratou a banda e funcionou como rampa de lançamento para os quatro rapazes.
Depois de assinado o contrato, a EMI exigiu que a banda gravasse o seu primeiro álbum nos estúdios da Abbey Road e nesse mesmo ano, saiu The Piper At The Gates Of Dawn. Nesta altura, a condição de Syd piorava a um ritmo preocupante. As doses de LSD consumidas pelo líder da banda eram cada vez mais agressivas o que, de certa forma, levou ao aparecimento do futuro guitarrista da banda: David Gilmour. David foi convidado por Syd para assistir a um ensaio da banda (numa altura em que a banda tinha estado em tour para abrir os concertos de… Jimi Hendrix) e meses mais tarde acabaria por se juntar aos Pink Floyd, que iriam ter (por pouco tempo) 5 membros a actuar. Estes foram dos tempos mais difíceis para a banda, uma vez que se tinha tornado impossível trabalhar com o Syd, cujas “viagens” eram cada vez mais distantes, até que foi conhecido o desfecho esperado por todos, mas que ninguém se atrevia a equacionar: o Syd Barrett que todos conheciam desapareceu…
Ainda assim, a banda começou logo imediatamente a gravar o segundo álbum, A Saucerful Of Secrets, aproveitando algumas faixas previamente gravadas por Syd e nesse mesmo ano de 1968 saía então o álbum que marcou o início dos Pink Floyd que todo o mundo conhece, com Roger Waters, Nick Mason, Richard Wright e David Gilmour. Marcado por longas faixas de improviso e de novas sonoridades, este álbum deu o mote para os próximos trabalhos da banda, que viria a lançar mais três discos no espaço de um ano (!). Estes foram álbuns pouco memoráveis que contaram com alguns pequenos sucessos como Atom Heart Mother”, até que em 1971 os Pink Floyd lançam o fantástico Meddle. Este álbum foi como um renascer da banda que veio confirmar o brilhantismo de David Gilmour em temas como Echoes (que é também o meu tema favorito da banda), mas também toda a química em redor deste grupo de quatro amigos, que viriam a lançar dois anos depois, aquele que é para muitos, “O” álbum.
Não há muito que se consiga dizer sobre o The Dark Side Of The Moon (que se refere à loucura do homem e não a um termo qualquer de astronomia), uma vez que me faltam palavras para descrever algo tão fenomenal, brilhante e lindo. É engraçado que eu fui escrevendo este texto quase num abrir e fechar de olhos e agora encontro-me nesta parte em que não faço a menor ideia sobre o que escrever. The Dark Side...fala-nos da vida (Breathe), da morte (The Great Gig In The Sky), da merda de sociedade em que nós nos encaixamos (Us And Them e Money) e também de Syd (Brain Damage). É difícil resumi-lo em tão poucas palavras, por isso prefiro deixar um sincero obrigado a toda a banda por me ter oferecido algo tão belo e tão significante como este álbum.
Nos anos que se seguiram a banda foi do céu ao inferno. Aproveitando-se do enorme sucesso alcançado com The Dark Side Of The Moon, os Pink Floyd lançaram alguns dos seus maiores hits como Shine On You Crazy Diamond (em homenagem a Syd Barrett), Wish You Were Here, Have A Cigar, entre outros. Mas como tudo o que é bom tem o seu fim, dois anos após o álbum Wish You Were Here ter sido lançado, em 1977 os Pink Floyd lançam o Grande Animals, que é dos maiores Fuck You à sociedade, que alguma banda alguma vez se atreveu a apresentar. Este álbum causou algum desconforto ao público em geral, tal era a agressividade com que Roger Waters se dirigia às pessoas e à sociedade em que vivia, descrevendo-a como conjunto de porcos, cães e outros animais. Ninguém ficou indiferente a este álbum, nem mesmo os restantes membros da banda que começaram a questionar as acções de Waters que assumiu uma postura de tremenda arrogância que não agradava a nenhum outro elemento dos Floyd. Ainda assim, a banda seguiu para estúdio e gravou o mítico The Wall (sobre o qual já tive a oportunidade de escrever para o Edição Limitada, meses atrás), que viria a ser um dos últimos bons “trabalhos de equipa” entre David Gilmour e Roger Waters, cujas “disputas” eram cada vez mais frequentes. Roger Waters acusava Gilmour de não contribuir em nada para as letras das canções dos Floyd e chegou até a retirar o nome do guitarrista dos créditos do álbum The Final Cut que viria a ser assim o último disco apresentado por esta formação dos Pink Floyd (que já não contava com Rick Wright, despedido por Roger Waters).
Após o The Final Cut, os Pink Floyd (sob liderança de David Gilmour , sem Roger Waters e com Rick Wright novamente) viriam a lançar mais dois álbuns, A Momentary Lapse Of Reason e The Division Bell (o último álbum de sempre dos Pink Floyd) e apesar de alguns temas muito bons como High Hopes ou On The Turning Away, ficou um sabor amargo pelo facto de vermos desaparecer uma das mais influentes bandas do Rock, em que um dos membros fundadores não marcou presença nos derradeiros trabalhos apresentados, fruto de uma atitude infantil e arrogante de alguém que deveria ter um pouco mais de sensatez para com os colegas que lhe acompanharam durante todo o seu percurso enquanto músico.
Esta é uma banda sem igual. Os Pink Floyd nunca se preocuparam com a fama e sempre puseram de parte o estatuto de Rock Stars sendo que os rapazes de Londres apenas queriam tocar música e fazer chegá-la a todo o mundo. Para trás deixam uma discografia sem igual, em que cada álbum proporciona a mais fantástica das aventuras e em cada música é contada a mais bela das histórias que nos transportam para outra dimensão.
Espero que tenham gostado de ler, tanto como eu gostei de escrever este texto e espero sinceramente que, se ainda não o fizeram, tenham a oportunidade de ouvir e analisar qualquer um dos álbuns dos Pink Floyd, num futuro próximo. A experiência é enriquecedora e fascinante.

“Long you live and high you'll fly and smiles you'll give and tears you'll cry and all you touch and all you see is all your life will ever be.”
Texto escrito por: João André

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