A MINHA BANDA FAVORITA: Juro que não sei como escolher, mas vá lá, Animal Collective.


Se me tivessem perguntado há mais tempo qual seria a minha banda preferida, teria respondido provavelmente com Mastodon ou Baroness. Consoante a data desde que comecei a consumir cultura musical as minhas escolhas mudariam incessantemente com respostas tão distintas como Joy Division, Satie, Arctic Monkeys. Sei lá, a uma dada altura até poderia ser um James Blake que não apreciei de início e meses mais tarde viria a idolatrar. É uma questão de tempo, de alturas, de gostos musicais, de conhecimento.
À típica pergunta de quebra-gelo dificilmente surge na nossa cabeça uma resposta consensual para todos os neurónios. É quase impossível fazer uma decisão dessas sem meter ao barulho dezenas de bandas que fomos ouvindo ao longo da nossa vida e foram mais importantes para nós ou mereceram número de maiores audições em determinado momento. 
Ainda assim, no meio da nossa discussão mental há aquelas bandas que criaram um número satisfatório de clássicos que nos marcaram e reduzem muito mais a escolha. Aqueles que fizeram aquelas músicas intemporais que ninguém se importa de ouvir durante horas seguidas até os ouvidos sangrarem. Dependendo de com quem falamos (se aquela gaja bem grossa ou o gajo hip da cena) a resposta aí sai ao gosto do freguês já um bocado viciada pelas imposições e restrições da vida em comunidade.
Ok, agora fora de merdas e folheados com as palavras - eu não consigo responder com 100% de certezas a ninguém qual é a minha banda preferida, aquela cujo álbum eu levaria para uma ilha deserta e com ele morrer lá até ao final dos dias. Mas se alguém fosse o cabeça de cartaz ou levasse mais facilmente o troféu no topo da minha tabela seriam, muito provavelmente, uma das razões que me levou a começar o próprio Edição Limitada por gostar tanto de tentar mas não saber escrever palavras que lhes façam jus - os Animal Collective.
Carregados ao colo pelos media musicais alternativos desde, talvez, Feels, os Animal Collective foram um bizarro fenómeno dos anos 00 em que o hype se junta à música para criar um bizarro produto que, até tendo qualidade, está longe de agradar a gregos e troianos. Com um catálogo que abrange géneros tão vastos como o folk, o puro experimentalismo de vanguarda e mais recentemente piscou os seus estranhos e disformes olhos à pop, os AnCo abundam em álbuns, conceitos e temas geniais que sem dificuldade nem esforço de pensamento se poderiam enunciar, desde Doggy a What Would I Want? Sky passando por Winters' Love, Did You See The Words, We Tigers, My Girls e outras boas dezenas.
Apanhei a carruagem já tarde - só comecei a ouvir a banda em 2009 quando Merriweather Post Pavillion ia já sendo considerado álbum do ano ainda antes de sequer ter chegado a metade. Ainda assim (e quanto mais não fosse pela estranheza catchy dos seus temas) depressa optei por descobrir mais sobre o projecto e a estranha forma de criar música do grupo norte-americano. Seguiram-se o mais cru Strawberry Jam (com Peacebone, uma das melhores músicas deles), o mundo etéreo de Fall Be Kind, a doçura folk experimental de Sung Tongs, o desajeitado mas bonito Feels e restante obra até à agradável surpresa de Campfire Songs, o primeiro registo da banda.
Mas falar de Animal Collective não é só falar de títulos e nomes; falar de Animal Collective musicalmente é falar de um mundo muitas vezes áspero, complexo, estranho mas que acaba por se revelar no final como uma das escutas mais recompensadoras e fascinantes de sempre. Tudo depende de se entranhar ou de se estranhar.
No meu caso, falar destes senhores é falar de um grupo musical que tantas vezes me acompanhou no quotidiano através de estados de espírito, ideias e pensamentos. Uma banda com quem cresci não completamente, mas que me acompanharam ao longo de uma parte bonita desse processo constante. Houve quem tenha tido os Smiths, os Queen, os Pink Floyd ou até os Limp Bizkit: eu tive um conjunto de 3/4 gajos que se puseram a brincar com guitarras, loops, ritmos bonitos e barulhos mesmo estranhos. Sejam uma merda ou os génios da música psicadélico-experimental do século XXI, foram os que me saíram na rifa. Hoje em dia se me pedissem com muito jeitinho saberia escrever melhor sobre eles, mas levava algum tempo e saía uma dissertação e pêras.

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