A MINHA BANDA FAVORITA: "The Beetles with an A", The Beatles.

Chega-se a uma altura em que se ouve (e já se ouviu) demasiada música. Não que seja algo mau, mas sim confuso quando perguntam o nome da tua banda preferida, ou pedem apenas uns conselhos sobre música que acho que outros iriam gostar de ouvir. É um grande desafio escrever sobre este tema tão sensível, obrigando-me a deixar de fora muitos bons artistas que me acompanharam em tantos momentos diferentes. Já não existe uma banda preferida, mas sim várias.


Vou ter deixar de lado artistas que foram cruciais no que toca ao desenvolvimento do meu gosto musical actual e, por fim, escolho os Beatles. Gosto muito do meu Sludge, de Blues, Jazz e tudo mais, mas não há nada como um bom álbum de Pop Rock com aquele sotaquezinho britânico. Tudo se torna melhor quando quase todos os seus álbuns conseguem ser bons.

Formados no início dos anos 60, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr são os Beatles como os conhecemos. Deixemos de lado membros que por lá passaram e abandonaram, com alguma pena de assim o fazer. A tocar nas caves de Liverpool covers de Chuck Berry, como “Rock N’ Roll Music” e até mesmo “Roll Over Beethoven” os Beatles mostraram ao mundo do que eram capazes e, desde aí, pareceu não pararem de crescer.
A sonoridade era infantil, talvez marque o início da música que remete para rebeldia, o punk que viria a nascer na década seguinte. De um modo muito tosco, pode dizer-se que foram os primeiros a fazerem barulhos estranhos com guitarras, que tanto pareciam agradar aos espectadores mais jovens. No entanto, esta fase parece ter ficado esquecida, e a maturidade sonora dos quatros jovens ingleses pareceu crescer juntamente com a sua popularidade.

                   

Em 1963 surge aquele que é conhecido com o primeiro álbum da banda de Liverpool, Please Please Me, um álbum sobre amores. Se na sua fase underground já deixavam as meninas fora de si, este álbum veio trazer a loucura feminina a todo um novo nível. Entre “I Saw Her Standing There” e “Love Me Do”, hinos do rock que ainda por aí passeiam hoje em dia, muitas outras canções de amores inocentes estavam a dominar o cenário da música rock não só na Inglaterra, mas também no resto do mundo. A Beatlemania estava a dar os seus primeiros passos.
Amor, canções sobre amor, e ainda mais amor aqui e ali não paravam de nascer das mãos dos três compositores da banda, ainda em 1963. “All My Loving” é talvez a melhor música em que posso pegar para descrever esta fase dos Beatles, recebida com tanta empatia pelo público. With The Beatles foi outro trabalho que veio conquistar o mundo aos poucos, ao lado de A Hard Day’s Night (que data do ano seguinte). Este último, na minha opinião, um pouco enfadonho quando comparado ao resto da discografia actual da banda, mas longe de ser fraco. No entanto, é perfeitamente notável aqui um ponto de viragem da banda: uma passagem de uns Beatles menos cómicos, menos apaixonados, para dar lugar a uma banda mais madura e melancólica.
Aqui, Lennon admitiu que novo material estava a ser um grande problema. Como não se podia deixar de esperar, segue-se Beatles for Sale, repleto de covers e muito pouco material original.
Foi depois do álbum ter sido lançado que apareceu a solução para todos os problemas de criatividade, ou como gosto de lhe chamar, LSD. E, com esta pequena ajuda, é fácil passar de um álbum de covers para um álbum com “Yesterday” que é nada mais, nada menos, que a música com mais covers alguma vez escrita. Falo de Help!, um álbum que acompanhou o filme da banda, com o mesmo nome. É aqui que as coisas começam a atingir proporções monstruosas para os quatro jovens.
Em ’65 surge Rubber Soul, álbum de culto para qualquer fã que se preze. Embora controverso, por ter sido lançado na altura polémica da misteriosa história da “morte” de Paul McCartney, é um álbum completamente diferente do que tinha sido feito até à altura. As sonoridades eram novas, mas os Beatles estavam, de algum modo, bem presentes. Nomes? “Drive My Car” e “Nowhere Man” foram, na minha opinião, os grandes êxitos deste trabalho. Nomes que, de certo modo, não ajudaram muito ao esquecimento do tão falado acidente de viação de Paul. Enfim, teorias da conspiração que não posso confirmar nem desmentir, mas sobre as quais tenho as minhas sérias dúvidas e evitarei referir no seguimento do artigo.

                   

Para não fugir à regra, ano sim, ano sim, os Beatles trazem um novo álbum. Desta vez, um álbum que veio trazer algo completamente diferente. Agora sim, pode falar-se em Beatles totalmente maduros. Revolver, lançado em ’66, veio fazer jus à era psicadélica em que se vivia. Não há uma única música neste álbum que não devia ser salientada mas, para não me alongar ainda mais, vou apenas referir “Eleanor Rigby”, uma música única, impossível de inserir num género musical, não existindo qualquer registo de composições musicais sequer semelhantes até à altura. Um álbum que merece um artigo só para si, mas passemos a ao álbum que se seguiu, o grandioso Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.
Sgt. Pepper, como lhe prefiro chamar, é daqueles álbuns que poucos têm autoridade para analisar. É um Revolver tecnicamente mais desenvolvido, o apogeu da era psicadélica dos Beatles. Pessoalmente, o favorito e, portanto, intocável. Um álbum que ridiculariza o autoritarismo ao som das mais belas canções alguma vez compostas, com enormes influências que cada membro trouxe ao estúdio. “Within You, Without You”, da autoria de George Harrison, reflecte perfeitamente o tempo que passou na Índia com grandes mestres da filosofia, do sitar e da busca espiritual do "Inner Self". Cada canção com o seu toque especial, quase como feita à medida, torna Sgt. Pepper aquele que é, para mim, o melhor álbum alguma vez feito na história da música.
    Depois, algo que me fez imensa confusão, foi Magical Mystery Tour. Os restos de Sgt. Pepper? Bem, a veia psicadélica parece estar lá. Alguns temas são até mais “spacier” do que as do álbum anterior mas, por outro lado, voltaram a apaixonar-se pelos temas que tratam o amor. É um reencontro dos Beatles psicadélicos com os Beatles que já lá iam. E o resultado? Do melhorzinho que aí anda. “Strawberry Fields Forever” e “I Am The Walrus” são as perólas do álbum, mas não posso deixar de referir “All You Need Is Love”, provavelmente das músicas mais conhecidas de sempre, talvez por não deixar a mensagem escapar, com uma repetitividade que é quase um abuso.

Mais tarde, o público é surpreendido com o White Album, enorme em todos os sentidos mas com algo especial: foi a primeira vez que a banda pretendeu transmitir aos seus fãs, sem nenhuns rodeios, os seus verdadeiros ideais. Reapresentaram-se como uma banda de intervenção e marcaram o início da sua separação. Como Lennon disse, foi um álbum em que cada membro pode mostrar o que valia, devido ao grande distanciamento que se fez sentir entre eles. Mais tarde, Yellow Submarine veio à tona e, aqui sim, está o álbum mais aborrecido de sempre dos Beatles. Canções já lançadas anteriormente e meia dúzia de originais, que só se safaram em conjunto com o filme homónimo.

                   
   Em menos de um ano, saiu Abbey Road e todos se deitaram em melhores lençóis. Foi o último álbum gravado, mas o penúltimo lançado. A isto gosto de chamar um álbum perfeito. É super consistente e agradável, e teve uma óptima recepção por parte de quem o ouviu. O instrumental fala tanto como a lírica e contém “Here Comes the Sun”, da autoria de George Harrison, considerado o maior êxito da banda.
Por fim, Let It Be o último trabalho lançado. A meu ver, um belo álbum de despedida gravado aquando da evidente e iminente separação. É, de longe, dos meus favoritos, mas tem uma aura especial. Um reconhecimento do trabalho de longos anos que a tantos falou. Enfim, um fim já aceite. Inteligentemente lançado após a separação do grupo, e isso atribui-lhe um tom já muito nostálgico. 

                   
No fundo, álbuns que têm de se ouvir antes de passar desta para melhor. Uma discografia inigualável, a centenas de euros, numa loja perto de si. Mas vale a pena. E se vale…
Vamos às sugestões? Vamos sim. Ver um belo documentário com o nome "George Harrison: Living in the Material World" e tudo mais que por aí encontrarem sobre a banda. Com uma pequena pesquisa, chegam lá. Não só a música, mas a história de cada membro, as teorias da conspiração, o rumo que cada um seguiu são, no mínimo, envolventes  e viciantes. Não fiquem à espera!

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