REVIEW: Cloud Nothings - Attack On Memory


Admito que com os meus amigos existe um bocado a tendência de nos lembrarmos de muita da merda que já fizemos. Às vezes o assunto é mais esse do que outro qualquer – sem que isso tenha alguma coisa de mal – mas acho que o fazemos porque a memória está cheia destes brilhantes episódios que fizeram história. Por exemplo, todos os anos lá acabamos por renovar as crónicas do “Sei o que fizeste no Paredes de Coura passado”. E tem a sua piada.
Se musicalmente, os Cloud Nothings tentaram ou não fazer essa viagem ao passado não sabemos, mas a verdade é que vão conseguindo decorar um género de montra de uma loja vintage que, pelas diferentes décadas, vai recolhendo o melhor que se foi lembrando. A indumentária final resulta numa espécie de emo/punk, cruzado com os traços comuns de um moço de calça justa “do indie” e quaisquer outros acessórios dos 90’s.
Pegar em Attack On Memory significa viver nessa mescla de referências musicais (The Men, Yuck e até Strokes são primos não muito afastados), que vêm e vão embora por segundos. Sem regra, a banda procura trilhar o seu destino por entre influências e até acaba por conseguir construir um universo bastante próprio, onde se vai tornando evidente todo um conceito por detrás do álbum: o passado.
A viagem até este é um passeio às cavalitas de enormíssimas guitarradas num céu maioritariamente nublado (No Future/No Past ou No Sentiment) mas onde o sol até se vai deixando brilhar (Fall In). A guitarra vive toda a sua bipolidade em Separation que tão bem consegue resumir a sua essência em Attack On Memory.
Às vezes, quase que conseguimos tornar os Cloud Nothings numa banda tipicamente “indie-rock” mas acabamos por sentir o rock mais do que qualquer outra coisa. O sentimento quase antagónico de um pop-punk revela-se também presente sendo a própria versatilidade vocal de Dylan Baldi que leva a banda a passar por esta metamorfose constante. Mais ou menos esforçado, Baldi está sempre ao leme de Attack On Memory levando-o até bom porto, na vontade de fazer deste mais um episódio que valha a pena lembrar.
8.0/10

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