FILHO DA MÃE em entrevista

Já quase que somos filhos da mesma mãe tal foi a forma como acabámos por ser mimados neste colo. Está ainda bem fresca a memória de um Palácio que serviu de berço para Filho da Mãe fechar os olhos, respirar fundo e assumir finalmente o que lhe parecia já há muito correr no sangue. Expressar uma necessidade? Sim. Necessidade sempre. Mas não no sentido de “fugir” àquilo que fazia com If Lucy Fell, tratou-se apenas de tornar real uma ideia que já andava a pairar na minha cabeça há algum tempo. A transição não foi tão drástica, pelo menos para mim, a guitarra acústica e a guitarra portuguesa sempre fizeram parte daquilo que gostava de fazer, só nunca tinha, de facto, considerado levar algo assim para a frente. Os primeiros passos não parecem, nem de perto, nem de longe, típicos de um recém-nascido que se deixa tropeçar a toda a hora. Filho da Mãe é mais crescido que isso, mas não deixa de pegar em cada tema como uma brincadeira que nunca se sabe bem como vai acabar. Tudo acaba por resultar em histórias singulares. Acho que as coisas se formam um bocado ao mesmo tempo. A história e a música acabam por se ir completando uma à outra. Às vezes a “história” (quando a há) só se revela depois de a música estar feita (como na “Helena Aquática”, por exemplo, que publiquei na Vai uma Gasosa). Outras vezes nasce de uma coisa tão estúpida como na “Tira lá isso daí” em que sempre embirrei com um dos loops da música ao ponto de isso acabar por lhe dar o nome.

Ao vivo, nada é deixado para trás. Nem certos medos. Lidar com o público é muito mais fácil do que ter de lidar comigo. Não há habituação possível, pelo menos para mim, só experiência, que vou naturalmente acumulando. Experiência que apostamos irá esboçar-se num futuro que não deixará ninguém menos excitado do que aquilo que o passado já deixou: Cinema? Bandas-sonoras? Sempre adorei a ideia e embora, pessoalmente, não encare as músicas do “Palácio” assim, percebo que algumas tenham essa potencialidade. Mas sinceramente é algo que gostava de fazer a sério um dia. E algo mais? A experimentação com pedais e sintetizadores – até a colaboração com outros artistas – querem dizer alguma coisa para o futuro do Filho da Mãe? Adoro a ideia de colaborar com outros músicos, é aí, pelo menos em ideia, que me sinto mais confortável. Na altura era completamente essa a ideia, mas sinceramente, já não sei bem o que será em termos de futuro...logo se vê. Força nisso. Palmadinhas nas costas. Acho que todos gostamos muito do que fazes.

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