No meu primeiro post, falei sobre coisas que fariam o Grande Bode soltar um thumbs-up de aprovação. Neste post vou falar de algo que precisamente o oposto : música que parece ir de encontro ao que o Bode gosta. Realço o "parece" da frase anterior. Estou a falar de metal cristão, white metal, unblack metal...o que quiserem chamar. Eu, pessoalmente, prefiro o termo jesus metal: é curto, é engraçado e serve o propósito.
Que dizer, então, sobre bandas como Extol, Mortal Treason, Crimson Moonlight ou Antestor, que deixam o Capeta a rogar pragas e bufar de indignação?
Dizer que, primeiro que tudo, sem o cristianismo,o rock ( e por consequência, todo o metal ) seria uma outra coisa. Mais, arrisco dizer, que o sem o cristianismo, o rock não teria tido o poder e influência que teve, algures num passado distante. Porquê, perguntam? Porque um movimento como o rock tem muito mais validade quando se opõe a algo dificilmente incontornável. E que melhor alvo ( e mais fácil) do que a religião organizada, todas elas? Perguntem aos Black Sabbath, aos Judas Priest e aos Iron Maiden, vão deixar muito boa gente a coçar a cabeça.
Na música mais ou menos pesada, a moda do cristianismo pegou forte nos EUA, com bandas como Underoath, As I Lay Dying e August Burns Red a venderem uns quantos (muitos) discos na década passada. Notem por favor o "mais ou menos" da frase anterior. A coisa chegou ao ponto da editora Tooth & Nail abrir uma subdivisão, a Solid State Records, dedicada exclusivamente a bandas de hardcore e metalcore que idolatram JC e os seus comparsas.
A questão é : o que leva uma banda a escolher o metal extremo como meio de falar da bíblia, JC e afins? O que é que inspirou estes Mortal Treason a encher este "Sunrise over a Sea of Blood" ( um autêntico masterclass de como misturar melo-death com hardcore ) de letras como "Take this tired spirit and renew me now/Renew me/Jesus, I love You" . Não sei bem a resposta, mas é uma escolha que envolve alguma testiculolide : se há cena que não é conhecida pela sua vasta tolerância a mensagens moralistas é o heavy metal e os seus sub-gêneros. É um tipo de rebeldia conservadora, por mais estranho que isso soe.
Quem é que fica a ganhar com isto tudo? Eu e os outros ateus, a quem as letras sobre religião, seja ela qual for, dizem tanto quanto o manual de instruções de um painel fotovoltaico. Desde que a música seja boa...
Vítor Bruno Pereira
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