Diabo no Corpo, por Zé Loureiro.

Desde tempos antigos que a música se presta a propósitos nobres. O enaltecer da condição humana e a exaltação da virtude e rectidão eram temas recorrentes. A reflexão espiritual e a frugalidade material promovida. A conduta moral do Homem era portanto, temática e finalidade. Tinha que vir a Grande Besta e foder tudo. Ainda bem. Para paneleirices dessas já basta o Roberto Leal. O Diabo sabe como nos melhor entreter. Letras pecaminosas e trajes provocantes! Movimentos insinuativos e penteados desafiantes! Melodias insidiosas e ritmos aliciantes. Nada mais que instrumentos ao serviço do Mafarrico, criados para corromper a alma dos homens e as conas das mulheres.

As hordas não foram conquistadas pelos sons demoníacos, atiraram-se braços abertos, quais virgens sedentas pelos prazeres anunciados pelo grande Galhofeiro. Somos todos presas fáceis! Vendemos as nossas almas em troca de um punhado de acordes. Rock n'Roll? Heavy Metal? Psych? Punk? Quero lá saber. Dai-me riffs que eu faço a festa. Amplificadores quais detonadores, a minha audição é sacrifício cerimonial.

Música do Demo é vaidade e orgulho. Falsa modéstia é coisa de fraco e Belzebú é grandioso. Avé, caralho. Ele sabe os nossos segredos, a imundice que brota da nossa cabeça e nos cobre de vergonha. Mas não há que ter medo! Entrego-me ao lado animal enquanto danço ao som do Chifrudo com a pila de fora. Mais um shot de whisky, que hoje ainda vou cascar em cima daquela vaca que está a olhar para mim. Quero que o namorado se foda, se ele não tem mão nela não sou eu que me vou preocupar. Ainda leva com um copo pelos cornos abaixo. Bom senso? Não conheço. Espero que o filho da puta do DJ não se esqueça de pôr Turbonegro.

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