REVIEW: Jay-Z & Kanye West - Watch The Throne

Na primeira audição do álbum "Watch The Throne", concebido pela dupla de gigantes do hiphop norte-americano Jay-Z e Kanye West, sentimos um álbum que divaga, e muito bem, pelas novas sonoridades na instrumentação electrónica. Kanye é já um veterano nestas andanças desde o seu último álbum, porém, o input criativo de Jay-Z prova ser uma mais valia.
Logo na primeira faixa, No Church In The Wild, com ou sem surpresa, somos presenteados com a participação de Frank Ocean dos Odd Future - que já aqui falámos algumas vezes. A batida - muito tribal - é rasgada por sintetizadores suaves e a voz, quase cristalina, de Frank Ocean, sempre muito ateu e pouco dogmático, conduz-nos para as entradas de Jay-Z e Kanye. E o vocoder/autotune cada vez mais comum nas composições de Kanye acaba por se tornar interessante porque é bem pontuado e sem exageros. Na segunda malha, Lift Off, com a participação de Beyonce, é quase impossível não sermos transportados para um ambiente Pop / R'n'b. Um refrão muito orelhudo, cheio de soul e blues, num estilo a que já estamos habituados. Caminhando pelo álbum, encontramos algumas pérolas interessantes como Otis, uma música samplada de Ottis Redding, numa adaptação poderosa, cheia de bounce e feeling, que aproxima o registo do rap do início do século. Dentro de uma onda mais clássica do rap dos E.U.A. dos anos 90, That's My Bitch, é um excelente beat, regado com bons samples de voz femininos e com uma construção lírica que poucos conseguem. Who Gon Stop Me, é uma composição já muito electrónica, cheia de elementos e texturas sintetizadas, muito urbanas, muito novas. Quase a fechar o álbum, novamente Frank Ocean. Made in America, entra com melodias melancólicas, etéreas muito no estilo de Domo Genesis. O contraste é feito pelas vozes de Kanye e Jay-Z, e pela doçura de Frank Ocean, que concebem uma música bonita e bem construída.
O álbum é uma caixa de surpresas. Compreende-se que é o resultado de uma gestão de egos de dois pesos pesados no hiphop mundial. Está longe da genialidade individual quer de Kanye, quer de Jay-Z. É um compromisso de um trono com dois reis. As participação são muito interessantes, e a escolha de samples, sempre muito bem conseguida, faz deste um álbum que pode vir a abrir novos caminhos a novas sonoridades.
7/10

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