REVIEW: Long Way To Alaska - Eastriver

«Let us never age...»
Braga nunca deixou de nos impressionar. É conhecida pela cidade do Metal, imaginem lá...! No entanto, não é bem assim que acontece. Em primeiro lugar, os Mão Morta vieram maravilhar-nos com as suas sonoridas misteriosas, depois vieram os Smix Smox Smux com as suas palhaçadas (e que belas palhaçadas!), os Legend of Man com o seu peso, La Resistance como reis do nonsense e Peixe:avião para os mais sossegados. Mas não ficou por aqui e seguiu em frente. Seguiu para bem longe, desta vez para o Alaska e, pelos vistos, o caminho não foi nada curto. Inicialmente muito tímidos e inexperientes, estão agora mais confiantes do que nunca. O caminho pode ter sido longo, mas os brancarenses Long Way To Alaska, depois do seu primeiro EP ao qual deram o nome Melodies To Greet Sunrise And Feed Sunset (EP), vêem-se prontos para lançar o seu primeiro LP. Eastriver foi o nome escolhido, e não foi à toa.
É um álbum cheio de altos e baixos e não, não me refiro à qualidade, até porque a presença desta é inquestionável. Altos e baixos porque é capaz de nos deixar saltitantes com temas como Flamingos e, ao mesmo tempo, na mais profunda melancolia nos mais nostálgicos como Sicilian Relation(ship). A idade parece fazer desvanecer consigo o encanto da juventude, são estas as histórias que lhes conta o alto mar. Para fazer jus ao nome da banda, não vão directos ao rio que está a Este, navegando pelo globo. Estes marinheiros de "Punk de Baloiço" visitam Long Beach e as suas intermináveis palmeiras, desdenham as cores da Benetton, que nunca brilharão como as United Colors of Patapon, voltam a ficar nostálgicos...«Remember the days...» cantam estes marinheiros em Nandaio!, fazendo-me arriscar a dizer que talvez seja a razão de existência do tema Lovers' Lollypops, mostrando uma banda que parte para longe mas não renega as suas origens, prestando homenagem àqueles que tornaram o álbum possível. 
O barco segue e o álbum também, agora mais dreamy do que nunca com Sea Of Two e Bad Bears, nadando pelas águas do dream pop e com um notória influência de "bandas que vão bem além do típico folk/pop de gente que usa gorros peludos dentro de casa". O medo da idade adulta parece assustar estes jovens como um papão para os mais pequenos. Repetem em coro "I am starting to grow" com um tom de quem pouco quer, sendo tal sentimento mais evidente quando os ouvimos cantarolar "Let us never age". Growing, mais do que um tema de Eastriver é, para eles, um problema. Ver crianças a brincar nas árvores parece causar-lhes tamanha dor, que o mais sensato é virar as costas e relembrarem-se da sua missão inicial: rumar ao Alaska.
Já navegaram por quase todo o país para apresentar o álbum gravado em Viana do Castelo e estão imparáveis. Já todos ouviram falar da banda "daqueles miúdos de Braga, que já foram do sludge" mas que, na verdade, já não são meninos nenhuns. Resta esperar que naveguem pelas águas da Europa e, quem sabe, até ao outro lado do oceano.
8.5/10

Ouçam o tema Nandaio já aqui em baixo.

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