Se falarmos de Krieg und Frieden falamos da interpretação musical de Apparat de uma das grandes obras de literatura, Guerra e Paz de Leon Tolstói. Uma obra com vários séculos contudo contemporânea.
Concentremo-nos na capa que, além do título, relembra através do seu design as lutas napoleónicas invocadas na narrativa de Tolstói.
O produtor alemão, Sascha Ring ou Apparat, como é mais conhecido no meio artístico, apresenta-nos sob esta índole erudita o seu nono trabalho.
Krieg und Frieden (Music for Theatre) é um álbum construído por camadas de diversas densidades que prometem teletransportar o ouvinte para o enredo de Guerra e Paz.
O álbum conta com oito músicas no entanto encontram-se divididas em dez faixas, uma vez que 44 e K&F Thema são tocadas em formato pizzicato (instrumentos de corda dedilhados) e em formato normal de Apparat, isto é, alternância entre a electrónica e aparelhos orquestrados.
Depois de ouvir este trabalho várias vezes, percebi que o compositor nos quer dizer que cada faixa é um capítulo, correspondendo cada uma a diferentes partes integrantes e essenciais de um todo que se revela coerente no fim. Em Lighton, ouvimos a voz de Sascha pela primeira vez que se volta a ouvir de uma forma marcante em Violent Sky, lembrando-nos o dramatismo do romance de Tolstói. Austerlitz, confirma-nos a materialização musical de uma obra de época e Pv e Blank Page põem em evidência as influências musicais de Apparat, ou seja, a década de 90.
Apesar da marcada influência de Leon Tolsóoi, Krieg und Frieden é um álbum que pode ser apreciado sem se conhecer Guerra e Paz, ou por outro lado, pode-nos atrair a ir ler e conhecer por dentro uma das maiores obras literárias de sempre e simultaneamente perceber a inspiração de Sacha Ring.
Texto por Joana Portugal
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