SEMANA DO APOCALIPSE: O apelo dos Pink Floyd para o regresso de Syd Barrett

Foi no ano de 1975, que os britânicos Pink Floyd lançaram o seu nono álbum de estúdio, o lendário "Wish You Were Here", gravado nos Estúdios Abbey Road, em Londres. E é claro que tudo começa com a maravilhosa obra-prima "Shine On You Crazy Diamond", um tributo ao icónico Syd Barrett e, consequentemente, a razão de ser do álbum. E como começa, também serviu para acabar em beleza o álbum. 
Dividida em nove partes e com uns bons 26 minutos, "Shine On You Crazy Diamond” apresenta-se como uma “conversa” entre os quatro Floyd e Barrett. Estes relembram a juventude de Barrett, quando ele se encontrava no auge de criatividade que qualquer ser humano consegue atingir. “Remember when you were young (…) you shone like the sun?” Esta pergunta era feita diretamente a Barrett, o guitarrista aluado. Um apelo para que Barrett voltasse à Terra. Mas, mergulhado na sua própria afeção mental, jamais “voltaria a brilhar como o sol”. No entanto, "Shine On You Crazy Diamond" oferece também a total liberdade a Gilmour e à sua guitarra de brilharem, o que o levou a conseguir o honroso 82º lugar no top 100 dos Melhores Guitarristas da Rolling Stone. 
Seguem-se as estrondosas “Welcome to the Machine” e “Have a Cigar”, tema que conta com a participação de Roy Harper na voz, justamente porque nem Waters nem Gilmour se imaginavam a cantar a sua letra. A quarta faixa do álbum, a famosa "Wish You Were Here", dá nome ao álbum e relembra-nos o estúdio 3 de Abbey Road. Para eles, o estúdio era o local onde se sentiam seguros e completos, a imagem deles mesmos. O “here” refere-se assim, nitidamente, ao estúdio.
Mas, a verdadeira razão para eu colocar este álbum no elevado patamar que é “o último álbum que eu ouviria antes de morrer”, é a harmonia que se faz sentir quando o escutamos. A combinação de sons simultâneos que estes senhores conseguem fazer nas canções que compõem o álbum, é uma autêntica obra-prima, um orgasmo para os nossos ouvidos. 
“Wish You Were Here” tem o poder de nos levar para um mundo imaginário que só existe dentro de cada um de nós, para um pleno estado de vigília, quase semelhante a quando escutamos Coltrane ou Mingus. Oiçam qualquer canção deste fascinante álbum quando acordarem ou quando se forem deitar, a fazer o jantar, a tomar banho ou quando estiverem de volta da vossa aborrecida universidade ou do vosso monótono trabalho. Vão ver que a vida vos começa a sorrir.
Texto por Francisco Fidalgo

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