Quando ouço a música Dancing With Myself, de Billy Idol, sinto uma espécie de energia a atravessar o meu
corpo. Euforia. Vontade de ser mais.
É difícil explicar de um modo
objectivo e pormenorizado sem parecer um pouco confusa, ou mesmo nonsense. Mas acho que este efeito se deve ao resultado controverso existente entre o
ritmo/letra. Enquanto o ritmo é vigoroso e electrizante, a letra acaba por ser
quase irónica porque pega no seu sentido melancólico e dá-lhe um tom animado. É
quase como se nos dissesse que temos de aprender a ser felizes sozinhos ou a
apreciar por nós as coisas, genuinamente, antes de procurarmos alguém com quem
as partilhar. Que temos de esquecer o mundo e tirar partido do que temos, do
momento. Carpe diem.
Curiosamente fiquei a perceber o
nome - Dancing With Myself - há meia dúzia de anos, quando vi um filme, cujo
nome já não me recordo, onde havia um bar em Tóquio chamado Dancing With Myself e aí a memória disparou. Acho que podemos tirar essa conclusão também ao ler com atenção este
trecho da música: “On the floor of Tokyo/ Or down in London town to go, go/With
the record selection/With the mirror reflection/I'm dancing with myself”.
De algum modo, quando ouço esta,
que é uma das mais conhecidas canções do rei do punk rock, penso um bocado em
mim. Nas minhas vivências. Num dia aleatório em que a ouvi a passar na VH1 e
senti uma vontade desenfreada de a dançar. Cantar. Faz-me também recordar o
filme “Gia”… Uma personagem, inspirada em alguém real, que teve os olhos do
mundo nela, porém no entanto morreu sozinha. Porque não sabia como não se
sentir só. Não sabia como não se sentir angustiada por não ver no olhar dos
outros respostas. Por não saber quem era. Alguém que precisava de fazer coisas,
chocar, apenas para se sentir viva. Sentir algo. E, por isso, a música de um
certo modo tem um efeito arrebatador. Desperta algo bem mais do que a vontade
de dançar…Leva-nos a sentir na pele aquele debate interior que todos temos: o
querer encontrar alguém, mas percebermos que no fundo só nos temos como certos
a nós mesmos. E, como tal, mais vale dançarmos sozinhos, na nossa própria
companhia. Porque apenas desta
forma: "Well there's nothing to lose/And there's nothing to prove/ I'll be
dancing with myself".
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