Fotografia: How deep is your love?

   
How deep is your love? Talvez em 1945 a resposta à pergunta dos nova-iorquinos The Rapture, não tenha sido muito positiva, talvez o amor não fosse assim tão profundo quanto isso. Mas nós, sem sabermos a história real, criámos todo um romance em volta de uma das fotografias mais famosas do mundo. Falamos da fotografia de Alfred Eisenstaedt, um fotógrafo perspicaz que conseguiu captar um simples beijo que se tornou intemporal. 
Já a vimos em documentários, em fotografias de perfil de Hi5 ou Facebook, em murais de rapazes apaixonados a tentar a sua sorte ou em paredes de quartos de raparigas que sonham ser elas a rapariga da foto. A verdade é que o marinheiro atrevido e a elegante enfermeira tornaram-se num símbolo de amor para todo o mundo, pelo seu mítico beijo, que, no fundo, não passou de um espontâneo acto de libertação e felicidade. E felicidade porquê? Porque naquele momento, festejava-se o final da terrível II Guerra Mundial. Festejava-se o regresso da paz, da liberdade e principalmente do amor, um amor que o marinheiro decidiu devolver a todas aquelas mulheres que passeavam, também contentes, por Times Square, e a enfermeira sexy foi a escolhida por Alfred, para imortalizar o momento.
O som dos The Rapture encaixa perfeitamente neste cenário. How deep is your love? é um hino ao amor, é um som que nós transporta para um universo onde se é feliz, onde há um rapaz que tem muito para dizer, onde parece não ter muito tempo para se expressar, mas que nos dá a certeza que tem muito amor para dar. É como o atrevido rapaz da foto, que não quer mais guerra, só amor, e depois de tanto tempo sem poder gritar ao mundo, pode fazê-lo agora.  E ele faz, da melhor maneira. Se o amor é profundo ou não entre os dois, who cares? Afinal de contas ela não lhe chega a responder. 
A ligação entre a música e a fotografia está mesmo aí. É depois de sabermos a verdadeira história, e atribuir ao  beijo que, sem dúvida, é o que se destaca mais na imagem e o que ficou para a história, até dos próprios intervenientes, um significado de liberdade e amor, é associar o beijo a toda a lírica e sonoridade da música. A mim pareceu-me bastante óbvia, se não tivessem tantos anos a separar a música da fotografia diria que naquele momento em plena Times Square ouvia-se dizer “Sun is shining right on my face, this is the place to find”.  
Texto escrito por: Viviana Martins

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