Recuar no tempo com os Grizzly Bear é um exercício estranhamente fácil. Por algum motivo, sabemos hoje dizer onde e como estávamos a cada canção, se bem ou mal, se contentes ou tristes. Certo é que há memórias feitas deste som. Não sei quantas bandas terão a mesma presença e mesma força de nos levar para outra idade. Os Grizzly Bear fazem-no.
Foi com Knife que muita vez chegámos ao liceu e que passámos a acreditar que o amor à primeira audição era afinal possível. Numa altura em que tentávamos ainda explorar as nossas capacidades e nos abríamos a diferentes experiências musicais, de Yellow House tirámos uma lição importante. Passe o cliché, nada na vida se consegue de mão beijada e prova disso mesmo é a forma complexa como os Grizzly Bear embrulham a folk-pop num puzzle onde cada canção vive de uma elegância e de um lado romântico, por vezes, difíceis de alcançar mas de grande coração. Recheado de outros lugares escuros (On a Neck, On a Split), quase esquizofrénicos, como é também o caso do tormento Colorado, fomos encontrando aqui os primeiros clássicos da nossa existência.
Enviar um comentário