Banda da Semana: Grizzly Bear

Recuar no tempo com os Grizzly Bear é um exercício estranhamente fácil. Por algum motivo, sabemos hoje dizer onde e como estávamos a cada canção, se bem ou mal, se contentes ou tristes. Certo é que há memórias feitas deste som. Não sei quantas bandas terão a mesma presença e mesma força de nos levar para outra idade. Os Grizzly Bear fazem-no.


Foi com Knife que muita vez chegámos ao liceu e que passámos a acreditar que o amor à primeira audição era afinal possível. Numa altura em que tentávamos ainda explorar as nossas capacidades e nos abríamos a diferentes experiências musicais, de Yellow House tirámos uma lição importante. Passe o cliché, nada na vida se consegue de mão beijada e prova disso mesmo é a forma complexa como os Grizzly Bear embrulham a folk-pop num puzzle onde cada canção vive de uma elegância e de um lado romântico, por vezes, difíceis de alcançar mas de grande coração. Recheado de outros lugares escuros (On a Neck, On a Split), quase esquizofrénicos, como é também o caso do tormento Colorado, fomos encontrando aqui os primeiros clássicos da nossa existência.
Mais recente foi a investida surpreendente de Veckatimest. Quando Two Weeks, cantada e sabida de cor por meio mundo, deu a conhecer a vida Grizzly Beariana para além do lugar fechado que compunha Yellow House, estava descodificada outra página do código genético da banda. Os coros celestiais e a leveza das guitarras do passado, deram lugar a momentos de maior intensidade como a cor e a luz de Cheerleader, a quase comoção na belíssima balada Foreground ou até o experimentalismo de classe estratosférica em Ready, Able. Mais directo, nunca deixando de pedir a atenção aos detalhes (de génio), encontramos em Veckatimest, segredos ainda por descobrir. De Shields, não esperamos menos.

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