PARA 2012: JOHN TALABOT, por Afonso Sousa

Imaginem um daqueles treinos de captação de putos de sete anos, já todos armados em jogadores e lá vão os olheiros tentar escolher aquele que mais se parece com o Cristiano Ronaldo. Pois bem, a nossa posição é um bocado essa. Se a música fosse como o poker, quase que se podia dizer que o John Talabot é uma boa mão de ases. Desde 2009 – quando lançou a tropical Sunshine  que este DJ/produtor espanhol vem adoptando uma postura de um assumido grower, guardando para 2012 a previsão do ano de fortíssima afirmação.
Talabot é tanto uma aposta ganha que seguramente irão voltar a ouvir falar dele ao longo deste ano, nem que seja simplesmente pelo lançamento de fIN, o primeiro longa-duração a sair ainda este mês. A primeira amostra é So Will Be Now (podem ouvir em baixo) e desvenda muito daquilo que pode vir a ser uma diferente roupagem a vestir esta nova abordagem de Talabot às suas composições. Bem mais escura e urbana, So Will Be Now mantém, por um lado, o espírito punchy com que Talabot nos ataca sempre, mas por outro, trata-se de um tema que cresce com a descoberta das suas múltiplas camadas e texturas, também elas a surgirem em maior número antecipando a complexidade da própria produção de cada tema.

Claro que é difícil falar-se antes de tempo, mas fIN parece mexer-se melhor dentro da disco e da house music, afastando-se ligeiramente do post-dubstep que tanto bombou o ano passado, podendo, dentro da electrónica começar a marcar o ano (e a tendência) tal como o começaram a fazer James Blake ou Nicolas Jaar desde o início de 2011.
Se o futuro de Talabot parece absolutamente destinado ao sucesso – e este tem já vindo a ser seguido pelos grandes “tubarões” da influência musical como TheNeedleDrop ou Pitchfork – tudo se pode provar se olharmos para um passado também ele recheado de belas memórias sendo, provavelmente, a mais marcante o EP Families. Lançado há menos de um ano, Families trata-se de uma luxuosa viagem a um paraíso onde a house e a pop fazem pendant, resultando em 15 minutos que roçam o épico. Seja com a ajuda de Glasser no tema-título Families ou em Lamento, tudo fica dito sobre este jovem que brevemente – apostamos nós – vai virar senhor. 

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