REVIEW: Mastodon - The Hunter

Os Mastodon já estão aí para as curvas desde 99. Lançaram o EP (já praticamente irreconhecível na sua sonoridade) Lifesblood e seguiram com o genial e pesadão álbum de estreia Remission mas foi com Leviathan que ganharam maior notoriedade entre o povo e a imprensa especializada. Blood Mountain veio consolidar a banda como uma referência no metal moderno e, depois do álbum conceptualmente mais bem construído da banda (Crack the Skye), eis que nos surge este... isto... ahm... The Hunter. Nem sei por onde começar.
A experiência de ouvir um álbum novo da banda é sempre algo estranha: trata-se sempre de um som tão complexo e diferente do anterior que custa a assimilar às primeiras audições. Estranha-se e depois entranha-se e o novo longa-duração destes senhores não é excepção. De qualquer modo, vamos pôr já os pontos nos is: este é o pior álbum dos Mastodon (o que não quer dizer que seja necessariamente mau, mas chegamos lá mais tarde).
Se nos álbuns anteriores se ouviu uma banda que apesar de "presa" a trabalhos conceptuais deambulou livre por territórios que fundiam os mais pesados metais com elementos sludge, jazz, stoner, folk ou rock progressivo, parece-se em The Hunter querer condensar a força, energia e melodia do grupo em canções curtas de estrutura pop e sonoridade muito mais acessível ao ouvinte que não aprecie quilos de peso e riffs frenéticos. Uma mudança de sonoridade da harshness do sludge para a heavyness do stoner do que poderá, definitivamente, fazer os ouvintes mais ávidos dos últimos trabalhos torcer o nariz.
Não se pode dizer que a busca por canções mais simples ou a produção orientada para a pop de Mike Elizondo venham estragar por completo o trabalho dos Mastodon, as características principais estão lá todas: os riffs pesados e épicos continuam lá, as vozes continuam ruins (bons eram os tempos em que isso não era necessariamente mau, mas a insistência num registo clean com este tipo de músicas é péssima) e os dotes da bateria de Brann Dailor continuam a sentir-se por todo o CD (se bem que não tem grande jeito para a composição, como é possível comprovar com Creature Lives). Ainda assim... não é bem o mesmo. Ou se calhar é só a amargura da desilusão, porque The Hunter até nem é tão mau quanto isso.
Os fãs mais acérrimos de Mastodon têm um bombom ou outro em Black Tongue ou Stargasm, aqueles temas que mais facilmente permitem uma relação com as composições mais antigas do grupo. Algum do material mais novo também sabe bem, como é o caso de The Sparrow (o último tema de cada CD nunca desilude!) ou até o tema-título (onde Crack The Skye vem logo à cabeça).
The Hunter é até ver o registo mais facilmente audível destes norte-americanos, pelo que não seria de admirar apanhar alguns dos singles emparelhados entre duas ou três bandas de rock nas playlists de uma rádio ou TV (Curl of The Burl é a primeira a vir à cabeça). Não é preciso entrar no velho cliché do vendidos (até porque o som permanece bem parecido consigo próprio), mas a verdade é que este novo trabalho é muito mais media-friendly. E desde que eles se divirtam a fazer o que fazem, porque não? Há de haver quem goste. Se bem que a alguns fãs lhes traga um saborzinho agridoce.
6.0/10

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