REVIEW: Puzzle Muteson - En Garde



Quem é Puzzle Muteson? Pois bem, o alter-ego de Terry Magson, cantor e compositor natural de Londres, e este, é o seu primeiro trabalho "a sério" - sabe-se pouco sobre o homem, verdade seja dita. As "apresentações" ficam a cabo da Bedroom Community, editora islandesa formada em 2006 por nomes como Ben Frost, Nico Muhly e Valgeir Sigurðsson. Porquê falar destes indivíduos? Já aí vamos.
Confesso que não houve muito de amor à primeira... vista (?). Há toda uma montanha de música que nos escapa ao prestar demasiada atenção ao óbvio, e isso leva-nos um pouco à velha história do sentir vs. pensar. Este é sem dúvida um disco feito para ser sentido - desde a sensação algo estranha de estarmos a escutar um contador de histórias, às simples e fáceis notas de guitarra acústica. Mas são aqueles dois últimos colegas de editora que mencionei à pouco, que vêm realmente acrescentar sal a estas faixas. Para além duma produção à medida, são eles que pincelam este quadro de 11 partes, de pianos, de cordas e de delicada electrónica. São esses elementos e a sua distribuição, em toda a sua decomplexidade, para nem mencionar a voz única de Magson, que brilham realmente em En Garde. Apesar de ser um (bom) exemplo dum (bom) disco homogéneo e regular, há inevitavelmente que destacar "Glover" e "Flamingo Head". Se por ventura as músicas fossem pessoas, e estas já estiveram mais longe disso, teriam ambas que agradecer pelos refrões arrepiantes e belíssimo trabalho lírico, ao senhor que as canta.
"Primeiro estranha-se, depois entranha-se", diria Fernando Pessoa. Todos já nos deparamos com um ou outro álbum de digestão complicada e com um sentido de momentum ideal - sendo mesmo esses que tantas vezes acabam como discos favoritos. Mas a questão da inacessibilidade é um pouco mais complicada do que aparenta. Vejamos En Garde, um álbum que bem podia ser a definição de simples, se nos ficarmos pela capa e pela noção (superficial) do uso de guitarra e voz em grande parte do seu "esqueleto". Mas como diria o povo, "as aparências iludem", e há muito para descobrir neste trabalho de Puzzle Muteson, muito para o fazer crescer a cada audição.

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