REVIEW: King Post Kitsch - The Party's Over


Honestamente e sem querer parecer pretensioso, sinto que quanto mais procuro saber e descobrir bandas e música, menos surpreendentes as coisas parecem. Explicando melhor, é tanta a coisa para ouvir que se a coisa não soa minimamente decente à primeira vista, descartamo-la para sempre. E não devia ser bem assim. A sorte é que não é nesta onda que viaja o Verão. Estamos todos em ralenti, a meio gás - e menos música ouvimos – menos a excluímos e isso até pode dar lugar a boas surpresas.
Para já longe dos verdadeiros holofotes que dão guarida a muitos projectos, King Post Kitsch ou, pelo que se sabe, simplesmente Charlie Ward, multi-instrumentalista e songwriter, que tem aqui a sua primeira experiência de longa-duração intitulada The Party’s Over, após dois EP’s de aquecimento. O resultado e a tal surpresa é uma daquelas descobertas que quase nos deixam orgulhosos como se a música fosse nossa.
Percebe-se que a festa tenha acabado há muito quando falamos de The Kinks ou de The Zombies mas revivalistas como os tempos andam é normal que Ward tenha procurado influências pelas prateleiras de CD’s da casa do avô para então se fazer homem meio garage rock, meio psicadélico, até meio folk. Não há duas músicas iguais, nem duas bandas, nem duas identidades mas King Post Kitsch poderia perfeitamente ter sido parido nuns 60’s e lá teria sido escrita Don’t You Touch My Fucking Honeytone – saltitante, dura, veloz, seca, é verdadeiramente entusiasmante. Mas se este é um highlight (obrigado anglicismos), é difícil deixarmos de ver o resto do álbum como um inteiro highlight, nas suas diferentes facetas bem distintas. Primeiro em Portland Street Pt.2 – calma, dedilhado descontraído que se transforma em teclados psicadélicos – depois em The New Gang – folk detrás da montanha, voz suspirante – e ainda a quadradona, brincalhona, bem garage rock Bricks And Bones. Facetas que fazem lembrar a hora da escolha de um sunday – de morango, chocolate ou caramelo? – é difícil a escolha, talvez um pouco de todos fosse o melhor. É essa a simples receita de The Party’s Over. A festa ainda agora começou. 
8/10

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