REVIEW: Saur - Saur EP

 
O quase anárquico epá desenrasquem-se que pelas camadas jovens deste país ecoa, é uma espécie de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, uma espécie de Deus, Pátria e Família dos dias de hoje. É a regra, o slogan do ideário desta geração, a mensagem que passa. Há quem a apanhe – os Saur têm-na na mão. O primeiro EP da banda é a medida para sair do lixo: fazer, trabalhar, avançar em busca de um sonho qualquer. E só mesmo em sonhos a capa de Saur seria possível. Um batido dinossáurio-alienígena fecha um imaginário sem limites – como nos sonhos. A feliz inconsciência infantil desta capa choca com a mais consciente maturidade que se faz escutar – voar neste jogo interpretativo é uma experiência divertida.  
Quatro temas esculpidos à unha, sem que o perfeccionismo lhes pudesse apontar defeito, são um carnaval bem post-rock, digno de qualquer que sejam os convidados que possamos chamar à festa. Alien Dinossaur Explosion inaugura o certame – explosiva como não podia deixar de ser, canção de guitarras rectas e secas que evoluem e afundam num labirinto de perdições, entenda-se de pormenores que são carinhosos arrepios em repetidas audições. Mergulhamos num mar mais negro e mais cru, mas igualmente tocante nos evolutivos seis minutos de Mr. Veerappan. Melancolicamente mergulhamos também em It Depends – inexplicável (ou não) sentimento semi-Modest Mouse, semi-Mogwai. Por fim, Black Is White, Left Is Right: eficaz, corpulenta, directa como as máximas que tatua no seu título.  Está lançado o mote: era uma vez os Saur e eles tinham um sonho. Daqui a uns tempos a história poderá começar assim.  
7.5/10

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