REVIEW: Timber Timbre - Creep On Creepin' On

Os Timber Timbre são um grupo folk canadiano vencedor do Polaris Prize aparecido em 2005. Depois deste Creep On Creepin' On, finalmente dei por eles (eu e mais meio mundo. obrigado, theneedledrop). Podia ter sido pior, tamanho encontro poder-se-ia nunca ter dado e aí perderia a hipótese de ouvir e falar de uma das melhores entregas de 2011.
Ao contrário da fofura excruciante e ardor no coração que nos trazem uns Bon Iver ou uns Fleet Foxes, os Timber Timbre insistem em camuflar elementos da folk em música em material que parece saído directamente saído de um western: é um disco misterioso, escuro e arrepiante. Aqui a banda beneficia de uma melhor produção e de uma maior variedade de instrumentos que ajudam a tornar o trabalho mais rico do que os anteriores.
Bad Ritual abre as hostes com uma bateria a fazer lembrar o blues de uns Black Keys, mas engane-se quem procura a pujança dos senhores de Brotherhood. Aqui tudo se passa com vagar como quem conta descontraidamente uma história estranha e o mundo quase psicadélico de Creep On Creepin' On (Woman é o exemplo perfeito, aquele saxofone até mexe com as entranhas do ouvinte) vai-se desenvolvendo sem pressas nem grande violência. É blues, mas não é o dos guitarristas que choram em palavras cantadas e se entretêm a dedilhar escalas; trata-se uma banda sonora para um filme que não existe.
Este não é só um álbum de músicas descontraídas, há aqui o esforço para a criação de um ambiente estranho e hostil em alguns temas mais difíceis de mastigar. Swamp Magic e Obelisk funcionam como interlúdios instrumentais em que a coisa escurece um bocado, por exemplo, mas depois somos como que reconfortados por melosos riffs quase pop a fazer lembrar um rock crooner atrevido. O tema-título chega e a voz fantasmagórica de Taylor Kirk volta ao ataque, orientando-nos no meio de músicas com estruturas comuns mas que escondem uma versatilidade instrumental inegável.
Há sempre aqueles temas que nos conseguem tocar cá dentro, mais do que a um simples nível de apreciação musical ou estética. Black Water fê-lo. Soa a algo já ouvido de outra maneira mas não interessa, o refrão all I need is some sunshine entra de maneira tão simples na cabeça que é difícil não carregar no rewind para se sentir de novo, é a integração de um corpo folk pop em roupas escuras, poeirentas,  pantanosas.
A viagem continua por entre sobressaltos que variam desde um som mais mexido ao ambiental cinematográfico. Terminamos (e bem) com Do I Have Power, uma espécie de aterragem forçada depois de um acidente em pleno ar onde tudo anda à roda e simplesmente acaba, sem mais nem menos.
Em jeito de conclusão, Creep On Creepin' On é um disco de música esquisita mas extremamente acessível. Segue a onda de Timber Timbre: é catchy mas não se oferece de mão beijada, há elementos difíceis de engolir à primeira, mas a sua diversidade e criatividade no uso de instrumentos para criar toda uma atmosfera diferente tornam este num dos melhores álbuns de 2011.
9.5/10

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