REVIEW: Filho da Mãe - Palácio

 Sabe tão bem fazer uma review a algo depois de tanto tempo a morrer atolado em trabalhos universitários como ouvir este novo e primeiríssimo disco do Filho da Mãe (vou esforçar-me ao máximo para não fazer trocadilhos com o nome). É um elogio, a quem não tenha percebido. O FdM chama-se, na realidade, Rui Carvalho. Já tocou para os If Lucy Fell ou os Asneira e apresenta-se agora a tocar guitarra acústica, tendo lançado este primeiro álbum chamado Palácio há coisa de uns quantos dias (objectividade jornalística apuradíssima aqui no Edição Limitada, hein?). Mas vamos ao que interessa - a música.
Este lançamento é composto por 11 músicas que perfazem um total de 37 minutos intensos de guitarradas nervosas, velozes e por vezes a roçar um grau invulgar de epicidade. Ouvimos aqui dedilhados intensos e rápidos que demonstram um conhecimento espectacular do instrumento mas, ao invés de alguns daqueles guitarristas que adoram tocar 600 notas por minuto (algo a que eu gosto de chamar, passo a expressão algo rude, bater punhetas ao braço da guitarra), nota-se que há aqui verdadeira garra.
Abrimos com Não sei desenhar barcos e Sobretudo (ouçam-na em sessão para A Música Portuguesa a Gostar dela Própria lá em baixo), temas com os quais o ouvinte já se possa ter familiarizado e constituem uma entrada a matar. Música a música, o Filho da Mãe vai mostrando toda a sua perícia sem medo e em cada música ouve-se uma história diferente, uma banda sonora de uma qualidade irrepreensível em temas pequenos e rápidos que conferem o ritmo ideal para o trabalho.
Este é daqueles álbuns em que não há muito para dizer senão mandar a pessoa ouvir e sentir. É incrível ver como com pouco mais do que uma guitarra (há ainda umas brincadeiras lá mais para o final do CD) se faz algo tão forte. Palácio é, apesar de simples, directo e conciso, um grower. Dá direito a paixão à primeira, mas fica muito por ouvir. É necessário repetir, repetir, repetir para lhe apanhar o gosto, o jeito ou os pormenores, como quiserdes. Cá se espera o próximo!
8.5/10

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