REVIEW: The Antlers - Burst Apart

Foi um daqueles álbuns que ouvi por ter gostado da artwork. E, como se uma das mãos na capa fosse minha e outra deles, ficaram feitas as apresentações. Já lá vão décadas de gravações e de indústria musical, milhões de álbuns produzidos e lançados, e, ainda assim, não creio alguma vez ter escutado algo tão emocionalmente esgotante como "Hospice".
“Burst Apart” é um disco bem mais fácil, e fácil como quem quer dizer leve. Este consegue ser convidativo no que toca a múltiplas escutas consecutivas, um pouco ao contrário do antecessor. Tal sensação, apesar de praticamente imediata, vai se perdendo num disco que vai ganhado um tom bastante melancólico e que acaba mesmo em tom de despedida; mas já lá vamos.
Ao passar por “French Exit” somos capazes de verificar se não estaremos a ouvir um disco de remixes dos The XX, tais são as semelhanças. Prosseguindo com a audição, e após uma faixa relativamente fraca, temos “No Widows”, em que fica claro que os The Antlers preferiram apostar um pouco mais em beats e em boas linhas de baixo, ao menos nesta primeira parte.
“Every Night My Teeth Are Falling Out” marca uma mudança, e diga-se já que para melhor. É a partir daqui que este álbum começa realmente a somar pontos. Em “Tiptoe” temos quase que um interlúdio, com o uso de um trompete que resulta de forma excepcional, até sexy.
Mas são as duas últimas faixas que, num álbum que se inicia algo tremido, com altos e baixos, realmente mostram uns The Antlers em excelente e triste (num bom sentido) forma.Tanto “Corsicana” como "Putting The Dog To Sleep", a faixa que finaliza o disco, são bem capazes de ser dos pontos mais altos da carreira dos nova-iorquinos; essa segunda com uma guitarra que poderia ter vindo mesmo duns The Flaming Lips. É no final que se sente uma certa ligação ao “passado”, elementos como cortinas, portas e quartos voltam às letras, o que leva a pensar que afinal não são álbuns assim tão distintos.
Mas ora, era lógico pensar-se que, após "Hospice", todo e qualquer trabalho fosse sofrer duma espécie de falta de homogeneidade. Não parece haver aqui grande ligação entre as faixas, mas isso deve mesmo tratar-se duma sensação normal, não fosse este o álbum que, bem admita-se, sucede aquela belíssima história sobre um amor impossível entre dois seres; ele, com trabalho no hospital e ela, a morrer de cancro.
Esperemos que “pôr o cão a dormir” não seja uma metáfora à morte da banda. É bom tê-los de volta, rapazes.

0 comments:

    Enviar um comentário