REVIEW: Ulver - Wars Of The Roses

Lobos. De 1993 até agora, são inumeráveis as metamorfoses por que já passaram. Desde álbuns de black metal que são agora alvos de puro culto, exemplo do "Nattens Madrigal - Aate Hymne til ulven i manden", a trabalhos como "Perdition City", que roçam a perfeição e o impossível no que toca a música electrónica e experimental.
"Wars Of The Roses" é mais uma aventura e mudança de pele. Tendo tido a oportunidade de assistir a um dos concertos da banda, creio que este é o álbum em que se encontram mais vivos e ao vivo. É o trabalho que mais se assemelha ao que soam em cima dum palco, talvez pela presença definitiva de Daniel O'Sullivan no grupo e pelo seu trabalho de composição, e claro, por ser o primeiro registo em estúdio desde que a banda começou a actuar ao vivo.
Em "February MMX", a faixa de abertura, temos uns Ulver muito pop, com um refrão (!) bem catchy, e um tremendo trabalho de bateria que progride com a faixa. Uma nova colaboração entre Ulver e a cantora Siri Stranger em "Providence", a anterior tinha sido na cover da "Thieves In The Temple", original de Prince. E esta faixa vem revelar outra face do grupo. Não sei se pela inclusão de voz feminina ou por uma progressão facilmente associável ao post-rock (será coincidência que seja este o título da última faixa de "F#A#∞" dos Godspeed You! Black Emperor?).
E a partir daqui temos o que é para mim o verdadeiro desenrolar de "Wars Of The Roses". "September IV" é um perfeito retrato do funeral dum jovem rapaz, ao qual assiste toda a família. E por falar em letras, a esse nível creio que este este deve ser o trabalho menos abstracto dos Ulver, principalmente nesta mesma música fica relativamente simples situar o conteúdo. Quanto a "England", era a faixa que a banda vinha a apresentar nos últimos concertos. É uma faixa real, não no sentido de verdadeira, mas no de realeza. É magistral em todos os sentidos, desde o baixo, à voz de Kristtofer Rygg, mas principalmente, ao piano. A maneira como o piano se mantém presente durante praticamente toda a faixa, de forma subtil mas não menos fundamental, é divinal. Creio que nem precisaria dizer que se fosse a escolher uma favorita de todo o álbum, seria efectivamente umas destas duas.
Em "Stone Angels" temos outra novidade, uma estreia. Uma faixa muito mínima, num álbum que no geral já nem é muito "carregado", a começar pela capa. São aqui facilmente perceptíveis as influências de Coil, numa música que se fica pelo ambient com uma grande recorrência a sintetizadores, algo que à partida poderia constar numa das bandas sonoras já efectuadas pela banda, ou mesmo em "Teachings In Silence". Isso até ouvir-se O'Sullivan citar o poema que dá o nome à faixa, de Keith Waldrop. E se esta à primeira escuta nos parece algo deslocada ou mesmo estranha no contexto, com o tempo deve ser a faixa que mais cresce.
No geral o álbum parece algo curto, mas o que o que faz não parecer realmente melhor, é a fasquia pela qual tem mesmo de ser medido. Depois de "Blood Inside" e "Shadows Of The Sun", esta estava simplesmente muito alta, num nível praticamente impossível de superar. 
E bem, resta-me apenas dizer: que uivem por muitos muitos anos.

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