REVIEW: Death Grips - Exmilitary

Não encontrei quase nenhuma informação sobre os Death Grips na internet a não ser sobre o facto de Zach Hill, o lendário baterista de math rock, fazer parte do projecto.
Este grupo é aquilo que num romance eu chamaria de personagem redonda. Alguém dotado de densidade psicológica, capaz de adaptar o seu comportamento a cada tipo de situação sem mutar a sua personalidade como um todo. São versáteis, portanto. Além da versatilidade do som do projecto, o que mais salta à atenção do ouvinte é a agressividade com que este disco se desenrola (quando dizer "desenrola" já é um termo demasiado piegas para associar à explosão de fúria que há em cada música). Tanto me lembram o 2pac como os Trap Them. Tanto os Zu como uns Outkast e a produção metanfetamínica tanto enevoada como totalmente bem integrada só vem ajudar a este misto de reacções que Exmilitary acaba por causar. Os efeitos vocais sublinham a rispidez de um hip-hop/avant-garde tão cego ao optimismo que ofende só por ser ouvido.
O álbum começa com uma sample de um devaneio de Charles Manson, preparando o ouvinte para o nonsense e para a violência que se segue. Como se a personalidade do serial killer se pudesse comparar como semelhante à sonoridade dos Death Grips, a sample surge como uma premonição de temáticas e emoções.
Não sendo a melhor faixa, mas sim a mais importante, na minha humilde opinião, achei por bem referir Culture Shock que pode ser olhada através de dois prismas: aquilo de que se quer falar e aquilo que se quer criar. Falam do impacto cultural... tanto de uma geração como de um tipo de música... não é relevante! Mas o que mais acude à memória é a revolução musical/cultural/sexual dos 60s. Tanto pelas samples retiradas do Turn on, Tune in, Drop out de Timothy Leary, um dos grandes apologistas do LSD nos anos 60 como pela própria expressão Culture Shock, utilizada muitas vezes para descrever essa década do séc. XX. Finalmente, o segundo prisma: o choque cultural que os Death Grips querem e eventualmente conseguiram criar: porque não são uns OFWGKTA que revolucionam a música por letras menos ortodoxas ou videoclips não tão "eye-friendly". Quem muda a música são aqueles que se atrevem a ir mais longe e fazer algo que nunca ninguém fez, mexer nos botões que toda a gente achava que estragariam o som e gritar tanto literal como metaforicamente temas importantes que tanto estão na cabeça de alguém como nunca são tornados públicos por vergonha, medo ou whatever.
9.2/10
Podem ouvir o álbum em stream mais abaixo ou fazer download aqui.

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