REVIEW: Moon Duo - Mazes

Os Moon Duo, vindos de São Francisco, formaram-se em 2009 por Erik Johnson, já conhecido dos Wooden Shjips e pela Sanae Yamada. Para muitos pode não se aplicar aquilo que vou dizer, mas, na minha humilde opinião, este duo psicadélico tem post-punk escrito na testa de cada um. O baixo monocórdico, os teclados a lembrar sampling de um filme de terror que não lembraria a ninguém, a voz monótona que traz à cabeça nomes como Joy Division, Bauhaus ou até mesmo Motorama, tudo isto são elementos em comum.
Falemos então do que não foi retirado a esse espectro mas sim à originalidade dos criadores deste projecto. Esta banda, no final de contas, é constituída por percussão, teclados, guitarra e voz. A simplicidade da estrutura de cada música, que se torna mais evidente na faixa-título, "Mazes", lembrando os já referidos Wooden Shjips, dá o cheiro que os Moon Duo estavam à procura, o cheiro ao psicadelismo dos 60s. Aquele sem mariquices, sem floreados, não propositadamente, pois eram os recursos disponíveis, mas indo no sentido contrário da intenção neste projecto. Usam a nostalgia do ouvido como gancho e sim, resulta, os power-chords confusos de Erik Johnson tornam-se hipnotizantes numa questão de segundos entra-se no mundo do Mazes, o mundo que, na minha opinião, os Moon Duo querem e acabam por conseguir formar na recatada cabeça de cada ouvinte em 44 minutos.
Agora, porque é que já tinham ouvido falar neles e nos Wooden Shjips não? Porque é que os primeiros têm hype, aparecem na Pitchfork e os outros não? Pela mesma razão que toda a gente conhece o Morrissey e os The Smiths só andam na boca do povo há uns meses. Porque misturaram o que é recente e aceitável. Os Moon Duo diferem do projecto paralelo de Johnson numa e numa só coisa: o uso do pop e isso deve-se à presença de Sanae, que conjugando os ganchos que usa nos teclados, "roubados" ao synth pop com o reverb inconfundível de Erik, criaram uma identidade própria neste projecto e daí a comparação positiva.
Não que seja um disco perfeito, longe disso. A palavra "monótona" que usei para descrever a voz pode ser usada no sentido depreciativo também e estendendo-se até à guitarra. De pessoa para pessoa, ouvido para ouvido, a paciência para power-chords varia ou seja... É um bom álbum hoje, mas não garanto que o voltará a ser se for ouvido vezes a mais. Teste do tempo, calha a todos.
Ouçam a faixa-título ali em baixo.
7.5/10

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