review por Afonso de Sousa
Depois de nos ter apresentado uma das mais impecáveis estreias do panorama festivaleiro português, no Verão passado, Kristian Matsson lançou, mais ou menos silenciosamente, este EP que já data de Outono do ano passado, mas que agora, ainda a tempo, me toma alguns merecidos minutos.
A aclamadíssima primeira passagem por estas terras foi demasiado inesquecível para não deixar de se lhe dizer olá outra vez. Matsson vestiu-se de Tallest Man e não de um tímido rapaz qualquer, domou um perfeito e caloroso lusco-fusco à beira rio e encarou sem medo um populoso vale de carinhosa maltinha em festa. Resultado: nunca a natureza de Coura e a natureza deste senhor fizeram tão perfeito feat. Aquela hora onde Tallest Man preencheu o seu lugar, o de maior do mundo, preenche ainda muitos corações.
O destino deste lonely man trouxe-o até Sometimes The Blues Is Just a Passing Bird que chega em jeito de conclusão de um ano quase perfeito para Matsson, o ano em que lançou a pérola The Wild Hunt. Pérola que o iluminou até mais não. Por estes dias, Matsson anda por aí, a ser cantarolado por muito boa gente.
Se The Wild Hunt traçava esta linha de álbum mais colorido, vivo e de inspiração centrada na musa de Matsson, a mãe Natureza, Sometimes The Blues Is Just a Passing Bird é ligeiramente diferente e mesmo que não acrescente nenhuma novidade digna da palavra, acrescenta sim, um Matsson mais virado para si mesmo, mais interior que vai apanhar a inspiração nos diálogos constantes entre si e a sua consciência. São cinco canções de viagem, cinco canções de um homem singular, cinco canções de saudade, mas sobretudo cinco canções demasiado preciosas para deixarem de se ouvir.
8/10
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