REVIEW: Tim Hecker - Ravedeath, 1972

1972. Decorriam os Jogos Olímpicos de Verão em Munique. As mesmas olimpíadas que ficaram marcadas pela morte de 11 atletas israelitas. Em 1972, o mundo viu estrear “The Godfather”, de Francis Ford Coppola. Em 1972, alunos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, deram início à tradição anual de lançar um piano do terraço dum dos dormitórios, numa queda de 6 andares até ao chão. Em 1972, Tim Hecker estava a ainda 2 anos de nascer.
“Ravedeath, 1972” é o sexto longa-duração do artista canadiano, (isto excluindo a colaboração com Aidan Baker dos Nadja, e os trabalhos sob o nome de Jetone) e é, muito provavelmente, o seu trabalho mais ambicioso até a data.
Hecker apresenta-nos um álbum massivo, repleto de texturas e camadas trabalhadas até à exaustão. Quiçá, devido ao facto de tanto James Plotkin como Ben Frost estarem envolvidos no processo de pós-produção, nota-se uma considerável diferença na atmosfera deste trabalho em relação a um “Haunt Me, Haunt Me Do It Again”. Se aí era possível sentir uma certa nostalgia e até romantismo a pairar, agora parece haver como que uma dissecação da beleza, cabendo ao ouvinte juntar o que restar dela.
E é em “Hatred of Music” e principalmente em “In The Air”, que a tal beleza se deixa mostrar de forma mais clara, na forma dum piano que aparece subtilmente por entre camadas de ruído não menos melodioso. Em “In The Fog”, Hecker exagera em ressonâncias e loops dotados de detalhes minuciosos, mais e mais notáveis a cada escuta. São esses detalhes que tornam música como esta fascinante, e que após um primeiro contacto, nos fazem regressar à mesma vezes sem conta, como se houvesse todo um novo mundo para descobrir.
É de destacar a forma fabulosa como “Ravedeath, 1972” funciona como um todo, sendo um trabalho que só pode realmente ser apreciado na íntegra. Já o piano, cai por cerca de 52 minutos. Haver ou não chão, cabe a cada qual decidir.

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