NOIR, assim se baptiza este filhote. A pergunta que fica ao contemplar a mais que interrogativa e bela capa deste álbum é: quem será o pai desta criança? Pois bem, o par Blue Sky Black Death assume desde logo a paternidade. A obrigatória paragem pela wikipédia a cada nova descoberta musical torna-se desta vez um pouco mais inspiradora. Ao que consta, o nome Blue Sky Black Death é uma típica frase utilizada no ramo do pára-quedismo e que remete para a beleza e para a morte. E entre a beleza e a morte conseguimos resumir a essência de NOIR.
Por momentos onde o sol se deixa brilhar e momentos efectivamente mais noir, vivemos uma experiência tranquila, relaxante, também ela algo abstracta e imaginativa - o que nos remete imediatamente para uma faceta particularmente cinematográfica que aqui também aparenta existir. O lado mais taciturno é algo estático, mais contemplativo em Sleeping Children Are Still Flying, um tema crucial em toda esta panóplia sensacional sempre muito activa e eficaz. A outra face de NOIR encontra-se em Where Do We Go ou Fire For Light, esta última absolutamente divinal, e revela uma apetência para canções menos interiores, menos reflexivas, com pequenas doses que receitam um abanão na alma e no corpo também.
Numa review que já lembrou um dos últimos grandes gritos da música popular portuguesa, ousa agora lembrar um verso de uma outra canção sobejamente conhecida: “Ai eu já pensei, mandar pintar o céu em tons de azul, para ser original”. Pois bem, Blue Sky Black Death mandaram pintar um céu de todas as cores, com todos seus achaques e inspirações. Nesse infinito de instrumentais e de intenso sampling deixam a certeza de que NOIR foi feito com todo o amor. E os pais, Blue Sky Black Death, vivem orgulhosos deste seu rebento.
8.1/10
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