Cá vos trago uma novidade: "Por edições de Portugal", a primeira parte do que promete ser uma série de sucesso, estreia agora neste belo canal de TV que é a Internet. Aqui, ao longo de diversas partes, ser-vos-ão apresentadas algumas propostas de boa música portuguesa de estilos variados, umas com mais e outras com menos rodagem no meio, algumas que já ouviram na rádio e outras de que provavelmente nem sabem ler o nome. É favor desfrutar.
A abrir temos qualquer coisa para os fãs de música mais pesada. Se estão abertos a fusões de estilos e são fãs de metal mais técnico e bem tocado, não duvido que vão gostar disto. Élvio Rodrigues, natural da Madeira, é a mente por de trás de utopian.hope.dystopian.nihilism, projecto que nasceu em 2004 e com uma formação de uma pessoa apenas se mantém até a actualidade. Élvio foi também membro de Through Darkness, duo de que também Bruno Pereira fazia parte; elemento que por acaso colabora com vocais na primeira faixa de "Pact With Solitude", primeiro e recentemente lançado trabalho que, após o EP lançado por TD, e subsequente anúncio de hiatus da banda, Élvio nos traz, desta feita a solo.
O que se ouve caminha entre o metal progressivo e melódigo, o hardcore, folk e, porque não, o post-qualquer coisa. Há muita guitarra, riffs, melodias e solos, até algum espaço para a uma viola. Temos também letras em português, no que é para mim a faixa mais forte do trabalho, "Eu:Ele". No geral temos aqui uma boa estreia a solo de um artista que se revela talentoso. Resta-nos esperar que numa próxima se apresente num formato mais cuidado, e porque não, completo. Era bom ouvir aqui uma bateria a sério, e uma produção mais séria. Mas compreende-se, nada é de graça, e a vida não anda fácil. Bom esforço.
Este senhor já não é novidade para quem anda minimamente atento ao que se faz por cá. Em 2010 lançou "Carrossel", e em 2007 deu-nos a ouvir "Tartaruga", álbuns que são para mim, do meio da restante discografia de Azevedo Silva, os que mais se destacam, e que aconselho vivamente a quem quer fazer uma primeira aproximação ao artista. Em "Carrossel" temos já um Senhor, num trabalho que é mais trabalhado e demorado, o que de forma clássica se pode chamar de maturidade. Há já novos elementos, da percussão a guitarras eléctricas que rugem, o que vai resultar em pleno em "Desassossego", o que considero mesmo uma das melhores faixas da década no que toca a música nacional.
Algo curioso em Azevedo Silva é o facto de parecer que já o ouvimos antes, e digo isto num sentido no qual quero-me fazer entender. Aqui não há cópias, longe disso, há sim algo de muito português. Um braço de Silence4, pernas de Toranja e Tiago Bettencourt, um outro braço de Ornatos Violeta; mas, coração e alma são indubitavelmente de Azevedo Silva.
O que nos apresenta é fado de um homem apenas, sentado num banco, de guitarra acústica em mão, com o sentimento na garganta e nas palavras que canta.
Daqui a uns tempos há mais, não percam a segunda parte de Por Edições de Portugal.
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