Argumento: The Rat - The Walkmen

Sou um homem que caminha com ratos nos meus calcanhares. Roem-me a alma por dentro e por fora ao mesmo tempo. Perturbações que implodem no meu núcleo. Explosões de raiva descontroladas. Bato na tua porta. Bato na tua porta porque não quero que saias. Não quero que saias e me leves de novo contigo para o fundo do mar que me afogou durante tanto tempo. Quero carborizar-me. Transformar o que me bate por dentro e me faz bater na tua porta em ondas de libertação. Quero ser livre de ti. Livre do passado que foi bom e agora continua a ser bom mas mau ao mesmo tempo. O ciclo terminou. Não há mais. Não pode haver. A porta tem de continuar fechada. A música que me cantas do lado de lá não pode entrar em mim. Veneno. Os meus punhos têm de silenciar o passado que tentas, vezes e vezes, arremessar contra mim. Os partidos ossos das minhas mãos têm de doer mais do que o passado. Têm de doer mais do que a sensação de falar sozinho que tantas vezes me obrigaste a provar. Raiva tem de travar o amor. Silenciá-lo com gritos de revolta conservada em amargura. Não há mais. Alguém por favor me faça parar de bater. Por favor me ajude a suportar o vento com que luto. Preciso de fechar os olhos e respirar liberdade. Preciso. Só quero fechar os olhos e não ter de fazer mais nada. Fechar os olhos e caminhar em frente para as brisas que quero sentir na cara. A confortar-me. A confortar o meu corpo gasto e cansado. 
A vitória vai ser minha. A raiva será triunfo. Saltarei com os bolsos vazios do que lhes fazia pesar. Nada daí sairá mais. Nada. Vou sair. Não me terás mais e vais-te arrepender daquilo que fizeste por não ouvir. A arrogância será o que te fará rastejar. Ironia. As minhas mãos vão sarar e seguraram outras mãos que vão ter o que olhaste de alto e que agora nem sequer o meio consegues ver. Vou domar as ratazanas e torná-las minhas amigas. E aí serei de novo um homem que caminha. Agora em frente e não para trás.

0 comments:

    Enviar um comentário