ÁLBUM DA SEMANA: Flying Lotus - Until The Quiet Comes

Se com Cosmogramma a viagem se fez à noite, Until The Quiet Comes procura o equilíbrio e as cores do lusco-fusco. Trabalhando num universo despido de fronteiras, FlyLo, mais do que nunca, multiplica-se em experiências que primam pela diversidade - e pela grandiosidade. Em 18 temas, o espaço musical que une artistas de um background musical tão distante como Thom Yorke e Erykah Badu, passando por Thundercat, é de louvar. 
Não se pense que cada um destes pólos vive demasiadamente fechado para si. Se esse é um risco presente quando assistimos a este tipo de mistura de identidades, aqui vemos essa dúvida ser prontamente anulada, quando sentimos os temas a falar entre si e abraçar uma ideia comum. Until The Quiet Comes não será o álbum conceptual por excelência, mas acaba por fantasiar em torno de uma imagem muito ligada aos sonhos, sobretudo a um lado que não controlamos. A experiência leva-nos de encontro até esse lugar transcendente onde encontramos ainda o ADN base de FlyLo, mais ligado ao hip-hop, mas é sobretudo o jazz meets experimental meets electrónica que faz toda a diferença.
Until The Quiet Comes é mesmo para ouvir até que se faça silêncio. Do princípio ao fim. Da enigmática Heave, a ritmo downtempo, ao regresso ao Game Boy em Putty Boy Strut, passando pela sedução soul de Erykah Badu em See Thru to U - ou ainda a pujante The Nightcaller -, é mesmo um crime deixar o que quer que seja de lado. Não fosse este um dos álbuns do ano.

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