REVIEW: Toro Y Moi - Freaking Out EP

Após Underneath the Pine (entrega em longa-duração que data de início do ano corrente) eis que o senhor Chaz Bundick nos traz um EP gravado em pausa entre digressões com o habitual selo Car Park Records. Depois do melhor disco que alguma vez o chillwave pariu e de uma aventura perigosa nos anos 70 Toro Y Moi invade a pop com pujança. E fá-lo lindamente.
O engraçado neste projecto é que Bundick consegue, em todos os seus trabalhos, modificar radicalmente o seu som num espectro retro sem perder a sua identidade. Há aqui influências dos seus trabalhos anteriores mas não vale a pena esperar por um regresso milagroso por completo ao etéreo de Causers of This ou até à sonoridade de Underneath The Pine. 
À primeira audição somos logo remetidos àquele som radiante e saltitão da década de 80. Aos conhecedores aqui já não há tanto a surpresa do "peraí, isto é Toro Y Moi?" mas todos aqueles sintetizadores que fazem lembrar músicas terríveis de tempos passados induzem o ouvinte numa fobia do kitsch exagerado que é rapidamente dispersa pela riqueza na composição dos cinco temas que constituem os 19 minutos desta entrega.
Entre All Alone e o tema homónimo ao EP desembrulha-se o rebuçado sem intros ou rodeios do género; estamos aqui para ouvir pop da boa e apaixonamo-nos rapidamente por um som que tem tanto de rico como de orelhudo. Os joguinhos constantes com ritmos electrónicos funky, o encosto à disco, os sintetizadores brincalhões e a voz de Bundick (que mais uma vez assenta na sua música que nem uma luva) trazem uma espécie de dualidade entre um sentimento de nostalgia misturado com a frescura de sons, produção e composições.
Sweet aparece quase que a tentar remendar o coração partido dos fãs dos dois álbuns anteriores de Toro Y Moi. Há aqueles coros e quase aquáticos de Blessa mas ao mesmo tempo o espírito das composições da banda de todo o Underneath the Pine juntos num tema com ideias que podiam até ser repescadas pelos Daft Punk para fazer a próxima pérola da década na electrónica.
Saturday Love aparece como uma cover disto numa versão num estado ritmicamente bem mais pujante mas acaba por ser dos temas menos interessantes de todo o EP. Terminamos com I Can Get Love, uma música menos cheia e frenética que as restantes de um cariz altamente remisturável.
Resumindo, Freaking Out é um EP fresco que pega nos elementos da pop fatela dos anos 80 para finalmente fazer música decente (ihihih). Os 19 minutos que ouvimos saciam perfeitamente o ouvido e pedem por uma segunda ou terceira audição em busca do pormenor, daquele refrão orelhudo ou de tudo aquilo que se procura num bom registo POP. O senhor Bundick está de parabéns, a sua constante metamorfose de sonoridade anda a dar frutos no registo que, a seguir a Causers of This, é o seu melhor.
9/10
Ouçam o tema-título do EP em baixo.
 

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