The Men, por José Loureiro

Sempre fui atraído pela ideia formal da simplicidade. Esteticamente e conceptualmente, existe um potencial sintético que é tradicionalmente descurado em favor de análises supra-detalhadas. Eu prefiro utilizar descrições simples, redutoras se necessário, e expor em meia dúzia de palavras a premissa em debate. O objectivo é suscitar curiosidade no leitor.

Partir dum conceito simples e tentar expo-lo de forma interessante, portanto.


Os The Men regem-se por uma filosofia análoga. Em pouco segundos de audição é possível descortinar a matriz que rege a música da banda: riffs, feedback e fuzz, embrulhados num rock cáustico e catártico. Simples e chamativo. A distorção como instrumento de manipulação do som determina a estética sonora, sendo o ponto em comum ao longo das músicas. Movem-se por territórios com fronteiras pouco rígidas, do noise rock vicioso ao post-punk melódico, com incursões à My Bloody Valentine e improvisos à Sonic Youth.

Recentemente lançaram o LP Leave Home, que catapulta o nome da banda para círculos maiores, tendo já merecido a atenção da editora Sacred Bones (Zola Jesus, Gary War). Talvez o trabalho mais venturoso e consistente dos The Men até à data. Uma faceta punk mais vincada na entrega das músicas, sendo que o ecletismo disfarçado continua presente. Pequenas nuances de psicadelismo começam a sentir-se por entre momentos de evacuação sonora.

Partem dum conceito simples e expõem-no de forma interessante, portanto.


Os trabalhos anteriores, lançados em edição de autor, estão disponíveis no blog da banda (wearethemen.blogspot.com).

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