OPINIÃO/STREAM: A minha relação com James Blake (ou como a música pode ser relativa; uma constatação ou um pedido de desculpas ao senhor Blake)

O fenómeno James Blake surgiu pouco antes do lançamento do seu álbum homónimo quando ainda debitava EPs que deitavam achas para a fogueira daqueles que acreditavam no surgimento de um novo movimento, o post-dubstep. Auxiliado, como de costume, pela máquina de Pitchforks e companhia, Blake ascendeu rapidamente ao estatuto de artista a seguir e, com a saída do seu CD, de dono de um dos melhores trabalhos de 2011.
James Blake é, ao contrário dos seus trabalhos anteriores, um álbum onde este alia os seus dotes de singer-songwriter (dessem-lhe só um piano para as mãos e teria sido mais um entre uns quantos) com a prática de um novo dubstep a que os seus ouvintes vinham habituados. À primeira não me disse nadinha de nada, mas à medida que ouvi o CD fui chegando àquilo que se pode considerar como uma opinião formada. Dei-lhe, numa review em vlog, a mediana nota de 6.5; não é mau, mas fiquei com a impressão de que era mesmo um álbum que não valia todo o burburinho à volta dele. Cinco meses depois, sou fã confesso do artista e de para aí 80% daquilo que ele já produziu. (assim em nota de curiosidade, já é o sétimo mais ouvido no meu last.fm) A essência da música que faz não está tanto nesse lado do cantautor mas mais na maneira como ele o aplica ao seu imperfeito corta-e-cola do dubstep minimalista. Soa bem e nos momentos certos melhor ainda, que é que se há de fazer?
Isto fez-me pensar um bocado sobre como a apreciação da música pode ser relativa. Isso já todos sabemos, mas quando se escreve sobre ela mais ainda. Não somos totalmente objectivos a fazer uma crítica (senão qual era o propósito de haver centenas de publicações a fazê-las por esse mundo fora?)... a menos que estejamos a avaliar o artista exclusivamente em termos técnicos, e mesmo assim suponho que nunca se seja. Depende de uma quantidade de factores, desde estados de espírito à própria capacidade de discernimento da pessoa. Ou então se calhar sou mesmo eu que não sei fazer resenhas a música (o que é mais provável, mas vamos acreditar que não).
Ok, apresento aqui publicamente o meu pedido de desculpas ao senhor Blake. Estou disposto a fazer as pazes com ele desde que ele venha tocar a Lisboa num sítio que não o Alive. Era giro.
Fiquem, em baixo, com duas amostras para o novo single Order / Pan a sair pela Hemlock. Avisa-se que são entediantes e não têm muito a ver com o material do CD, mas fica a dica.

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