Yohuna é o projecto de Johanne Swanson. Proveniente de Albuquerque, nos EUA, esta senhora toca um pop intimista, etéreo, dreamy, cheio de reverb como manda a lei. Lançou, a 18 de Janeiro deste ano, Revery, uma cassete que acaba por funcionar como uma espécie de showcase da sua música: é composta por quatro músicas bem melosas que funcionam basicamente através de uma ligação entre sintetizadores tímidos e simples (que por vezes perdem o medo e mostram-se em força) e a voz angelical de Swanson.
Abrimos com Keep Apnea e, logo ao princípio, há qualquer coisa que capta a atenção do ouvinte. Começa de forma soft e vai desbravando terreno a pouco e pouco, como se fosse uma forma de nos adaptarmos ao princípio da viagem. É daquele tipo de som que tem que se ouvir estando no estado de espírito para tal, como se tivéssemos que dar algo de nós para que consigamos ir apreciando a verdadeira beleza da cassete. De seguida temos Mateo, uma incursão que, sempre com o espírito tímido e introspectivo de Yohuna se acaba por tornar mais atrevidota, catchy e fofinha. A batida aparece e deixa um sabor agridoce com o seu ritmo dançável, acabando por não resultar tão bem quanto quer.
It's All Yours é, provavelmente, o tema mais mexido da obra. Como se fôssemos guiados pela voz reverberada da senhora Swanson, andamos entre sintetizadores e bateria (cuja agressividade custa a adaptar ao espírito da música, acabando por se tornar um pouco irritante no meio) por caminhos mais ásperos. Acabamos a viagem com Hometown Key, tema que acaba por revelar um balanço perfeito entre o triângulo que compõe todo o som de Yohuna. O ritmo faz lembrar algo saído dos anos 90, os sintetizadores ajudam a recordar, por vezes, a febre de 2010 do witch house e a melodia emanada pela voz é tanto catchy como melosa.
Revery acaba como quem não quer a coisa. Não é uma obra perfeita e há melhorias a fazer na sonoridade sob o risco de cair numa repetibilidade entediante, mas a sua duração acaba por fazer com que se torne uma viagem até bastante agradável para os fãs de um som simples, repleto de reverberação (que acaba por enchê-lo, tornando-se algo positivo em alguns temas e negativo noutros) e com uns cheirinhos bonitos a pop.
6.5/10
Ouçam Revery aqui em baixo:
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